Maria 10/Binidito 2

Henrique Magalhães
João Pessoa: Ediçõs Macunaíma. Coleção Cartunistas paraibanos hoje, vol. 2. Julho de 1982, 36p. 13,5x19cm.

Edição digital

 

 

O número 10 de Maria saiu em julho de 1982, curiosamente quase um ano antes da edição 9, lançada em maio de 1983. São caprichos da edição independente que a esta altura não poderia explicar. Este número, além de também sair pelas Edições Macunaíma, cujo editor era Antonio Arcela, é uma edição dupla, dividindo o título com Binidito, outra publicação de Henrique Magalhães. Trata-se, portanto, de Maria n. 10 e Binidito n. 2.

Binidito foi um personagem infantil criado em 1979 e publicado no suplemento O Pirralho, do Jornal A União. O número 1 saiu nas quatro páginas centrais do suplemento, que tinha formato tabloide. A revista deveria ser montada dobrando-se as páginas do suplemento em várias partes, formando uma publicação independente no formato 14,5x19cm, no sentido horizontal.

Como as páginas centrais do suplemento eram em cores, foi possível projetar a revista para que as capas e algumas páginas internas fossem coloridas, o que foi um avanço para as publicações do autor. A grande difusão do jornal também foi um feito considerável para a divulgação de sua obra, já que o suplemento era veiculado gratuitamente no jornal.

Binidito era um menino pobre da periferia que desde cedo tinha que trabalhar em pequenos serviços para ajudar em casa. Isso não lhe tirava o ânimo para alguns momentos de lazer, como soltar pipa, sua diversão preferida. A HQ desta edição é dirigida ao público infantil com linguagem compatível para essa faixa etária, mas traz situações que expõem os contrastes sociais e a habilidade do menino de rua de lidar com os inevitáveis conflitos.

A parte da revista reservada a Maria traz duas histórias curtas situando-a extraordinariamente em uma viagem à França. Essas histórias que retratam a visão crítica sobre a cultura e a civilização francesa foram fruto de um estágio de cinema realizado pelo autor entre 1981 e 1982, que viu com certa desilusão o alardeado brilho da capital francesa. Sem dúvida, é uma edição muito curiosa, que fecha o primeiro ciclo da revista Maria.

H. Magalhães

   
Binidito, à esquerda, e o olhar de Maria sobre a cultura francesa