O número 5 da revista Maria abordou uma questão explosiva na Paraíba: o conflito de Alagamar. Esse conflito de terras cujos proprietários queriam expulsar os agricultores de subsistência nelas instalados trouxe um grande problema ao governo do estado, que sofreu muita pressão popular para resolvê-lo a favor dos trabalhadores. Foram semanas de tensão, com os trabalhadores inclusive acampados na Praça João Pessoa, centro da capital, em frente ao Palácio do Governo.
Esse conflito foi mídia nacional, mas tinha que ser resolvido localmente pelo governador Tarcísio Burity, indicado pelos militares para o governo do estado, que mantinha suspensas as eleições diretas. Maria procurou refletir sobre a situação política, em que o discurso anticomunista ainda assombrava não só o governo, mas também boa parte da população.
No jornal oficial do estado, A União, em que eram publicadas as tiras de Maria, estabeleceu-se a censura, simplesmente impondo o silêncio sobre o problema. Resolvi testar a dita “Abertura política” alardeada pelo governo federal e fiz a série de tiras sobre Alagamar. Resultado: todas as tiras foram censuradas e fui expulso aos gritos pelo editor do jornal. Eu e minha rebeldia juvenil! Perdi o espaço mais não calei a boca. As tiras saíram nessa revista Maria. HM
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