O segundo número da revista Maria, lançado em julho de 1978, tem uma particularidade, tem como tema a "Donzela Joana", peça teatral que estava sendo montada naquele momento pela Divisão de Teatro Universitário da UFPB, em que o autor dos quadrinhos atuava. A peça, dirigida por Fernando Teixeira, com texto de Hermilo Borba Filho, foi apresentada em várias cidades paraibanas e chegou a atuar no Rio de Janeiro e em São Paulo, dentro do projeto Mambembão.
A revista, que teve patrocínio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários da UFPB, apenas inspirava-se no tema da peça, que era uma alegoria sobre a resistência do povo à opressão, protagonizada pela "Donzela Joana", personagem inspirada em Joana d'Arc. Nos quadrinhos, a história da peça é trazida para a atualidade, mostrando a resistência e os conflitos políticos e sociais. Vivia-se um momento crucial da ditadura militar, em que se vislumbrava certo abrandamento, como a possibilidade de abertura e anistia política, mas o pleno funcionamento da máquina de repressão.
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Maria problematiza o protagonismo do herói individual, indicando a mobilização da massa. Zefinha, a personagem que faz contraponto com Maria, ganha realce, ora encarnando a figura reacionária, ora questionando a força da resistência dos grupos frente ao poder. Talvez esta seja a edição mais politizada de Maria, por retratar um momento decisivo tanto para a ditadura quanto para os movimentos sociais.
H. Magalhães
Outubro de 2014
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