A sexta edição da revista Maria, lançada em 1980, traz tiras duplas produzidas e publicadas na imprensa paraibana em 1979. Abre com uma sátira ao presidente Figueiredo, que se dizia afeiçoado aos cavalos. Ele chegou a dizer que preferia o cheiro dos cavalos ao do povo. Numa brincadeira quase infantil, vemos na primeira tira Maria se aproximando sorrateiramente do presidente e colando na parte de trás de sua veste um rabo de cavalo, associando-o ao próprio animal.
Era esse o tom das tiras de Maria da época, uma crítica mordaz aos desmandos do poder – ainda se vivia sob o regime ditatorial implantado pelos militares –, com críticas à violência policial, censura, repressão, carestia e apontava alguns vislumbres de resistência popular, ainda tímidos e sufocados.
A chamada “abertura política” estava em andamento, com o relaxamento lento e gradual do sistema, que ainda se fazia impor pela força. A volta à democracia era uma miragem longínqua, que deveria ser alcançada de forma controlada pelas concessões do poder. Mas Maria seguia insubmissa, botando o dedo nas feridas.
Além das tiras, estreia a seção “História das Histórias em Quadrinhos da Paraíba”, enfocando As aventuras do Flama, de Deodato Borges, primeira personagem e revista em quadrinhos paraibanas. Traz também a seção “Cartas”, com missivas do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, o que mostra o alcance da publicação, ainda que com circulação apenas pelos Correios; e a seção “Registro”, com resenhas de outras publicações alternativas.
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