A investigação na Ciência da Informação certamente tem seus primórdios na ruptura gutenberguiana, quando se abre a possibilidade de o conhecimento ser difundido amplamente. A circulação da informação passa a ter um caráter revolucionário e a imprimir as primeiras idéias de globalização, como atesta McLuhan no seu consagrado “A Galáxia de Gutenberg” (1962). Nessa perspectiva, este estudo de José David Fernandes, que contempla a tipografia criativa, vai reportar-se ao sentido etimológico de informação, que significa “a idéia de dar a forma a alguma coisa”, ou ainda a outras conceituações clássicas, como “matéria-prima de que deriva conhecimento” (McGarry), ou “a informação como representação ou substituto físico do conhecimento, como a linguagem usada para a comunicação” (Farradane). O modo como as peças tipográficas são organizadas faz parte de uma informação estética que não pode prescindir do valor conferido aos conceitos de percepção e de reflexão ideológica inseridos nos debates hodiernos da Ciência da Informação, nem tampouco àqueles relativos à informática, no tocante à agilidade na exploração da composição tipográfica (webdesigners, por exemplo).

A escolha pela proposta semiótica vem atender à investigação dessas relações sígnicas que as peças tipográficas vão revelar. A metodologia da análise semiótica, por sua vez, possibilita perceber, no domínio da informação estética, a comunicação polissêmica do signo, que cria novas imagens, definindo igualmente novas possibilidades de leitura. A identificação visual fornece elementos imagéticos que sintetizam um determinado mundo, cujo repertório se apóia na informação tipográfica para transmiti-lo. As peças estruturadas por artifícios tipográficos – na forma AllType – mostram formas visuais que representam relações de significação. Há uma construção do sentido nas composições tipográficas que permite a compreensão do significado verbal e visual, pois essas estruturas tipográficas desvelam um conhecimento que privilegia novas formas de ler o mundo.

A contribuição de David Fernandes para o campo da informação e da comunicação é bastante promissora, pois também vem com o intuito de fornecer mais subsídios à informação estético-visual. Este estudo se revela original, bem fundamentado e aberto à interdisciplinaridade, pois as abordagens da estética informacional aqui levantadas deverão servir de fonte para todos aqueles que se dispuserem a redescobrir as inúmeras diversidades da galáxia tipográfica.

Olga Tavares
Professora da Universidade Federal da Paraíba
Doutora em Comunicação

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