Nas últimas duas décadas o mundo viveu uma efervescência de movimentos de ativismo que nasceram nas redes sociais digitais e se difundiram pelas mais diversas latitudes. Anonymous, Movimento Cinco Estrelas, Primavera Árabe, Geração à Rasca, Movimento 15-M (Indignados), Occuppy Wall Street, Jornadas de Junho de 2013 compartilharam bem mais que a natureza digital das suas ações. Apesar de emergidos em contextos socioculturais, políticos e geográficos distintos, tais movimentos, denominados como net-ativistas, também partilharam críticas profundas à política contemporânea.
Este livro, fruto de uma pesquisa de doutorado em Ciências da Comunicação, tem como objetivo jogar luz sobre o que é o net-ativismo e de onde vem a insatisfação das novas gerações com os canais de participação institucionais. Diante das experiências que diluem as barreiras entre o real e o virtual, a obra provoca reflexões sobre a qualidade dessas ações a partir de uma retomada do percurso da política em direção à tal crise, por meio do diálogo com autores como Hannah Arendt, Jean-François Lyotard, Gianni Vattimo, Bragança de Miranda, Boaventura de Sousa Santos, Michel Maffesoli, Antonio Negri e Massimo Di Felice.
Embora acentuada na contemporaneidade, época em que as novas formas de conflitos colaboram também na construção de novos significados, a crise da política teve início antes mesmo das conexões da rede mundial de computadores ultrapassarem as fronteiras militares e acadêmicas e atravessarem praticamente todas as esferas da vida cotidiana. No decorrer dessa transformação, esteve atrelada a outras crises, que se descortinam ao longo das páginas até revelarem a agonia da política em tempos de redes sociais digitais.
Marina Magalhães |