A escassez de bibliografia sobre fanzine no Brasil é uma realidade e dos poucos livros que há, nenhum trata de uma proposta tão inusitada como a condução de oficinas de zines com pessoas privadas de liberdade. Ao conversar com alguns amigos/as fanzineiro/as, Márcio Sno percebeu a potencialidade literária e documental dos relatos desses agentes educacionais, que vinham de aplicar suas experiências em diversos presídios do país.
Thina Curtis, João Francisco Aguiar e Jô Feitosa relatam em Zines no cárcere os desafios de ministrar oficinas que lidam com criatividade e liberdade de expressão num ambiente de hostilidade e desconfiança, não só por parte dos/das presidiários/as, mas também do próprio sistema prisional. Márcio Sno assume o papel de coordenador, de mediador com a competência de anos de vivência com zines como ferramenta pedagógica.
O livro não tem caráter acadêmico, com referências e citações, mas ganha em espontaneidade de relatos incríveis e emocionantes das/os professoras/es e fanzineiras/os, bem como dos/as próprios/as encarcerados/as, que expressam na produção dos zines suas frustrações e esperanças, as contradições que ainda dão sentido a suas vidas.
H. Magalhães |