A história dos fanzines no Brasil tem servido de tema para vários estudos acadêmicos, notadamente a partir da primeira obra publicada no país, O que é fanzine, para a Coleção Primeiros Passos da editora Brasiliense, em 1993. O autor, Henrique Magalhães, se encarregou de dar sequência aos estudos sobre essas publicações amadoras, lançando por sua editora, a Marca de Fantasia, várias edições que complementam aquela da Brasiliense.
Saíram O rebuliço apaixonante dos fanzines, em 2003; A nova onda dos fanzines, 2004; A mutação radical dos fanzine, 2005; Pedras no charco: resistência e perspectivas dos fanzines, 2018. O rebuliço apaixonante dos fanzines teve também uma edição digital em 2011 e outra impressa, revista e ampliada, em 2013. A quarta edição veio em 2014 adaptando a anterior para o formato digital. Com esta quinta edição, em formato digital, foi feita mais uma revisão textual e deu-se destaque a uma caprichada pesquisa iconográfica, que reproduz as capas de fanzines e revistas alternativas.
O rebuliço apaixonante dos fanzines é baseado na dissertação de Mestrado do autor, defendida em 1990 na Escola de Comunicação e Artes da USP, São Paulo. O texto aborda a história dos fanzines desde sua origem, no final da década de 1920 nos Estados Unidos da América, mas estuda prioritariamente a produção brasileira, desde 1965 até o final da década de 1980.
A história dos fanzines no Brasil começa com dois boletins editados simultaneamente em 1965, O Cobra, da I Convenção de Ficção Científica, realizada em São Paulo e Ficção, este dedicado aos quadrinhos e editado em Piracicaba por Edson Rontani. Além de definir o termo fanzine, o livro classifica esses magazines em vários gêneros, como música, literatura, cinema, além de quadrinhos, estes merecendo uma atenção especial.
Além da história dos fanzines, o livro descreve seus momentos de esplendor e crise, até a incansável busca de perspectivas e saídas para a produção. A introdução faz uma reflexão teórica sobre imprensa alternativa e as publicações reflexivas do mercado. Traz ainda informações sobre o processo de produção dos fanzines e a descrição de dois fanzines-chave para esse gênero de publicação: Quadrix, de Worney A. de Souza, e O Grupo Juvenil, fanzine de nostalgia dos quadrinhos editado por Jorge Barwinkel.
Apesar de o trabalho ter o limite temporal no final da década de 1980, o livro aponta as tendências que se confirmariam no decorrer da década seguinte, como a retomada da produção e o aperfeiçoamento técnico com a disseminação da informática. O rebuliço apaixonante dos fanzines é um livro que tem servido de base para trabalhos acadêmicos em universidades de todo o país. |