O fanzine como fenômeno editorial tem rendido cada vez mais interesse. Professores e estudantes de graduação e pós-graduação de universidades de todo o país têm se debruçado sobre essas pequenas publicações, produzindo artigos, monografias e dissertações sobre vários aspectos de sua edição. A presente obra tem aí sua motivação.
O primeiro texto, “Fanzine e a revolução telemática”, é a sequência de um estudo iniciado no Mestrado de Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo. Este também é um artigo acadêmico, tendo sido apresentado no Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, da Intercom, em setembro de 2003, em Belo Horizonte. O segundo texto, “Fanzine no campo da Folkcomunicação”, trata-se de um artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Folkcomunicação, ocorrido em Santos, SP, em maio de 2002.
Foi no Mestrado da USP que dei início às pesquisas sobre o universo do fanzine, traçando um paralelo com a imprensa alternativa que vigorou no país nas décadas de 1960 e 1970. Nesse estudo pioneiro no campo da comunicação, foi preciso definir o que é fanzine e registrar sua origem e história desde 1965 no Brasil, quando foi lançado Ficção, em Piracicaba, SP, pelas mãos de Edson Rontani.
O resultado desse trabalho gerou, além de artigos, três livros deste autor: O que é fanzine, editado pela Brasiliense em 1993 na Coleção Primeiros Passos; O rebuliço apaixonante dos fanzines, em 2003 e A nova onda dos fanzines, em 2004, ambos pela Marca de Fantasia, que atualizam a pesquisa analisando o desenvolvimento do fanzine e outras publicações semelhantes a partir de 1990 até o início dos anos 2000.
Um aspecto abordado apenas superficialmente nesse último livro – a fantástica revolução dos meios de comunicação com o advento da internet e outras mídias eletrônicas – é o corpo de A mutação radical dos fanzines. O fenômeno fanzine ampliou-se e ultrapassou os limites do papel. Encontramos fanzine em vídeo, em CD-Rom, na rede de computadores por meio de revistas eletrônicas e grupos de discussão e até na obsoleta fita cassete. Todas essas novas formas de arquivar e transmitir informações não ficariam muito tempo longe da inquietude dos editores de fanzine.
H. Magalhães |