Em 12 de outubro de 1965 o advogado, contador, jornalista, cartunista e artista plástico Edson Rontani, de Piracicaba, São Paulo, então com 32 anos, lançou o boletim Ficção.
Tratava-se de um pequeno jornal impresso de modo precário, em mimeógrafo, dirigido a colecionadores de quadrinhos de todo o país. Rontani não conhecia o termo fanzine, criado nos Estados Unidos no começo da década de 1940 para definir essas artesanais “revistas de fãs”, menos ainda que seria o primeiro no Brasil a fazê-lo.
Este livro de Gonçalo Junior traz sua biografia intensa e nostálgica para destacar seu pioneirismo naquela que é, sem dúvida, a mais alternativa e libertária forma de imprensa no mundo. Um relato emocionante sobre os primeiros anos da indústria dos quadrinhos e os 50 anos do primeiro fanzine brasileiro. HM
Rontani, a referência
Li seu texto anunciando o livro de Gonçalo, no site da Marca de Fantasia. O sentimento que você tem a respeito do papel de Rontani, e o que isso refletiu em sua carreira, também é igual ao meu. Com um acréscimo, no meu caso.
Rontani também foi em Piracicaba, até pouco depois de eu começar minha carreira, o único cartunista atuante na imprensa local, com frequência constante. Era a única referência local de desenhista de humor. Isso em 1991.
Desde criança, e até a morte dele, em 1997, acompanhei os trabalhos dele na imprensa de Piracicaba. Rontani foi um desbravador quase solitário, como todo desbravador. Ele, inclusive, organizou três edições de um Salão de Caricaturas, antes da existência do Salão de Humor de Piracicaba. Depois dele, tive a sorte de começar a desenhar profissionalmente, junto a alguns outros que acharam esse caminho aberto.
Comparando, foi como se eu tivesse começado a carreira em João Pessoa, olhando suas tiras da Maria nos suplementos e jornais paraibanos dos anos 70. E prosseguido na sua trilha.
Érico San Juan, por email, em 02/09/2015. |