As imagens fora do lugar
O discurso do Presidente do Brasil é ovacionado por parlamentares franceses. Os índices de corrupção denunciam a fragilidade do Estado brasileiro. Romário não foi à Copa do Mundo de Futebol de 2002. A pedofilia fere a Sagrada Família, e o Papa, mais uma vez, pede perdão. Imagens fora de lugar!
Depois de mais de cem dias em greve, professores das universidades federais são acusados de incompetentes pelo presidente aposentado como professor, o que lhe ajudou a fazer carreira política.
O pior estava por vir: Le Pen, o retorno da besta. A extrema-direita francesa ameaçou o sonho da paz universal.
Neste cenário da globalização, no qual tudo se rege pelo valor de troca (livros, discos, filmes, sexo, religião, política, a vida), o cidadão não sabe o que fazer com tanta informação. Ele acredita mais nas maravilhas dos sítios da internet do que na escola.
Neste contexto, os títulos acadêmicos se apresentam como signos da estrutura latifundiária, do neocoronelismo acadêmico, uma mistura de consumo, saber intelectualizado, arrogância e estratégias burocráticas.
Quem ousaria interpretar todos estes signos? Alguns tentaram: Darcy Ribeiro, Milton Santos, Gilberto Freyre, Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Karl Marx, Weber, Simmel, Schütz, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Robert Musil, Nietzsche, entre outros, nos campos da ciência e do sensível. Alguns resistem, tecendo textos, escrevendo memórias, falando sobre imagens.
Esta revista é um dos índices de resistência que se acumulam nas expressões faciais, nas garatujas escritas na sala de aula, no riso, na alegria.
Mas a nossa proposta editorial não cabe nas omissões, na covardia acadêmica diante das macro-bibliografias que engessam o pensamento criativo e têm como símbolos imagens fora de lugar.
Por este motivo, Quiosque é uma revista que pode não ser lida, mas nunca esquecida.
Boa leitura,
Wellington Pereira
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