Dançar no ritmo da suingueira, num ambiente que transpira música, paquera, rebolados, embriaguez, entre masculinidades e feminilidades flutuantes, este é o clima convidativo da pesquisa antropológica de Adriano de León sobre performances masculinas no bairro do Rangel, periferia de João Pessoa, capital da Paraíba. Por meio de uma escrita rizomática, o autor decidiu aventurar-se por um mestrado em antropologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), um programa de pós-graduação que acabava de florescer, depois de mais de dez anos ao ter concluído seu doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Como docente da UFPB desde 1998, em pleno século da corrida acadêmica por produtividade, permitiu-se embriagar por experimentos antropológicos e desvencilhar-se dos pressupostos sociológicos de sua formação, sem contar sua passagem pela engenharia durante a graduação. Deixando-se levar pelos fluxos da experiência etnográfica, adentrou no mundo do CAC do Rangel, um espaço de dança, música e sociabilidade, localizado num bairro popular que se tornou conhecido como “um dos bairros mais violentos da cidade”, estigma agravado por conta de uma chacina ocorrida na região e as sucessivas reportagens sensacionalistas que, até hoje, amedrontam as elites dos sofisticados bairros da praia.
Trecho do prefácio de Silvana de Souza Nascimento |