Maria surgiu em 1975, em plena era militar. Em suas tiras, lutava contra o cerceamento político e intelectual refletindo uma cultura alternativa fortemente ligada a um contexto político determinado, daí seu caráter semelhante à charge, no início de sua produção. Maria era influenciada pelo espírito do jornal Pasquim e sobretudo pelos quadrinhos de Henfil. Foi a fase explosiva da personagem, com centenas de tiras publicadas nos jornais paraibanos.
Com o tempo, Maria foi-se aprimorando no grafismo e em sua concepção de humor, passando dos fatos políticos imediatos ao humor intemporal, voltado para os modos e costumes. A essa mudança atribui-se também uma mudança política. O Brasil tornava-se democrático, mesmo que por meio de um processo lento e gradual; vieram a abertura política, a anistia, o fim “hipotético” da censura etc. Novas questões viriam a ser tratadas, passada a urgência da contestação política. Outras políticas se tornariam o enfoque favorito de Maria, como a luta das minorias por afirmação, a solidão, os preconceitos diversos.
É nessa fase que Maria ultrapassa seus 20 anos de criação. Uma personagem em mutação, mas com um denominador comum: a inquietação frente aos valores estabelecidos.
H. Magalhães
Maria - Henrique Magalhães
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