Maria surgiu no bojo da cultura alternativa, cultura de resistência a um contexto político de exceção. Sua fonte de inspiração foi a efervescência política e social do país, que lhe deu um caráter político semelhante à charge, no início de sua criação. As primeiras tiras da personagem traziam o grito contra o cerceamento político e intelectual, mas também a crítica às desigualdades sociais e aos costumes conservadores arraigados.
Com a publicação diária nos jornais paraibanos, Maria pôde ser aprimorada no aspecto gráfico e na concepção do humor, passando dos fatos políticos imediatos ao humor intemporal, da contestação política explícita às contradições da política do quotidiano. Essa transformação no perfil da personagem foi também um reflexo das mudanças no país, com a Abertura política e a redemocratização. Nesse novo ambiente, que teve seu ápice no início da década de 1980, novas questões políticas e sociais viriam à tona. Outras políticas se tornariam o enfoque favorito de Maria, como a luta das minorias por afirmação, a solidão nos centros urbanos, os preconceitos diversos. Maria tornou-se uma personagem em mutação, tendo como fio condutor a inquietação frente aos valores estabelecidos.
Em 2005 Maria completava 30 anos de existência e produção quase contínua. Isso rendeu a edição comemorativa que temos aqui. Quase 20 anos após essa data, retomamos a edição em formato digital para mais ampla difusão da obra. Mantemos os textos como na edição comemorativa original, bem como o conteúdo gráfico, com as devidas adaptações. Esperamos manter viva e pulsante a trajetória dessa personagem, que se mantém como um dos símbolos de resistência dos quadrinhos nacionais.
Páginas do álbum "Maria: espirituosa... há 30 anos" |
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