Quadrinhos em preto e bronca

Comecei a publicar profissionalmente em 1968, como ilustrador de jornal. O detalhe emblemático nisso é o entorno cronológico: o ano 68 do século XX comportou convulsões mundiais, e no Brasil assistiu à consolidação e ao endurecimento da ditadura militar iniciada em 1964. Ou seja, comecei minha carreira profissional (junto com os cartunistas da minha geração) tratando de fazer humor, e outras narrativas, sob um clima de repressão e censura, direta ou velada. Portanto, o dilema era quase inescapável: ou castrar a própria opinião (via autocensura) ou reportar o que estava acontecendo e enfrentar as consequências... Que iam desde o veto do editor a qualquer charge, cartum ou tira considerados críticos demais (e os limites eram bem estreitos), até perseguições variadas, processos, e, no limite, cadeia ou exílio...

O problema é que, se você é um artista (gráfico, no caso), que se expressa através de uma linguagem (gráfica e literária, no caso) com sua própria visão de mundo, você não pode deixar de depor sobre o que você está vendo! A arte e a censura são incompatíveis, e toda a minha geração de artistas gráficos teve que fazer a escolha: oferecer à sociedade seu depoimento do mundo, ou não...

No meu caso, a escolha foi óbvia: desde o começo, meu esforço é o de ajudar a esclarecer as pessoas sobre o entorno que nos cerca, na contramão de tantos enroladores e vigaristas midiáticos.

Por isto, as HQs deste livro refletem este compromisso: tentar clarear contextos que, de alguma forma, nos ajudam a entender onde estamos metidos, denunciando situações variadas. Por cima desta bronca estrutural, tento explorar as possibilidades da ironia, do riso, de uma certa sutileza, e até do lirismo. Até onde consegui, vocês, leitores, irão julgar.

Quanto à técnica, é tudo no preto e branco do nanquim, aplicado com bico de pena, pincel, pincel seco e cabo de pincel.

Baita abraço.
Edgar Vasques

   
Páginas de O casaso de vento e outros quadrinhos, de Edgar Vasques

 Mais Histórias em Quadrinhos pela Marca de Fantasia
Primas
Alberto Pessoa
HQ sobre o quotidiano de mulheres prostituídas no Nordeste brasileiro.
Edição digital
Marginal
Shiko
HQ autorais de Shiko com referências literárias.
Edição digital
Cobra Sofia 
Rafael Senra
HQ inspirada no mito amazônico e no álbum de rock progressivo do autor.
Edição digital
Maria: vida ordinária
Henrique Magalhães
Série de páginas produzidas em 2021.
Edição digital

Detetive Darkfield
John Nunes
2021. 102p.
Histórias policiais sobre ocorrências sobrenaturais.
Edição digital

Marca de Fantasia
Junho de 2022
Editor: Henrique Magalhães
Rua João Bosco dos Santos, 50, apto. 903A. João Pessoa, PB. Brasil
Cep: 58046-033. Tel (83) 998.499.672
  Pedidos por transferência ou depósito bancário:
  Banco do Brasil.
  Agência 1619-5, Conta 41626-6. Chave pix: (83) 998499672.
  Envie cópia do comprovante de depósito e o endereço para entrega.
  Contato: marcadefantasia@gmail.com -  https://www.marcadefantasia.com