O percurso da autoedição não é uma exclusividade nacional, nem fruto apenas da debilidade de nosso mercado. Lembremos que os consagrados quadrinhos underground começaram na década de 1960, com Robert Crumb e outros vendendo na Califórnia suas revistas de mão em mão, produzidas por eles mesmos. Não são poucos os que seguem o caminho da autonomia editorial em várias partes do mundo, ainda que se tenha mercados florescentes.
No Brasil, uma das autoras mais inquietas é Anita Costa Prado. Poeta e quadrinista, Anita criou a primeira personagem lésbica de nossos quadrinhos, rompendo ao mesmo tempo o tabu do meio majoritariamente masculino e a abordagem da homossexualidade feminina, cuja visibilidade dependia de alguém com ousadia. Sua personagem Katita já teve várias revistas editadas pela própria autora e pela editora independente Marca de Fantasia.
Katita é um sucesso incontestável. Além de prêmios, ganhou o reconhecimento carinhoso do público que a transformou numa das personagens mais queridas. A segunda edição de sua revista Katita: maré-cheia... de sereia, é a volta ao catálogo de uma publicação muito desejada pelo público, que se deleita com suas tiras bem humoradas, com a habitual sensibilidade poética do texto de Anita Costa Prado e o belo traço de Ronaldo Mendes, que ilustra a personagem.
Henrique Magalhães
04/03/2023
Katita, de Anita Costa Prado, com ilustrações de Ronaldo Mendes |
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