As histórias em quadrinhos possuem em seu contexto histórico autores que compreenderam que essa linguagem deveria ser mais que mero reduto de aventuras cósmicas ou dotadas de personagens com superpoderes ou inseridas em enredos que pouco ou nada têm a ver com o reflexo da sociedade.
As histórias em quadrinhos têm entre seus ancestrais a caricatura e a charge e se posicionam acerca dos temas relevantes da sociedade. Ao longo de mais de 100 anos de vida, o gênero vai amadurecendo pelas mãos de seus respectivos autores.
Adeus trata do tema Ateísmo e é mais um passo rumo ao desenvolvimento de temáticas dentro das histórias em quadrinhos.
O Ateísmo é um tema tão antigo da humanidade quanto o próprio conceito de religião e ao longo dos tempos diversos setores da sociedade vêm debatendo e desenvolvendo essa linha de pensamento para o mundo contemporâneo. Ingênuo quem pensa que Ateísmo é um pensamento utilizado por quem não acredita em Deus apenas. Em uma visão subversiva, podemos ver nas religiões contemporâneas marcas de uso dos conceitos
Ateístas no intuito de desacreditar outras religiões.
Infelizmente a sociedade não possui um entendimento pleno do que seja o Ateísmo. Isso é uma pena, pois mostra que a propensão à alienação continua plena e não mostra sinais que irá terminar tão cedo.
Não cabe à publicação convencê-lo que o Ateísmo é melhor que ter uma crença religiosa. O intuito é convidá-lo a ler e conhecer através dos diversos autores dessa coletânea o que pensamos do Ateísmo e propor um debate crítico e democrático, independentemente do seu posicionamento religioso.
Alberto Pessoa
Páginas da revista "Adeus" |
Provocação
Bela provocação, Henrique. E a dificuldade na resposta a ela (poucas hqs no concurso) indica a impressionante resistência a este tema/tabu, mesmo numa época em q outros tabus vão aos poucos perdendo espaço. Talvez pq as crenças religiosas sejam, pela aceitação ou pela negação, as pedras angulares do poder na civilização...
Gd abr
Edgar Vasques, por email em 20/09/2022
Reflexão
Adeus é uma obra que reúne várias HQs de estilos distintos e autores idem num tema instigante, e fruto de um concurso de 2013, nutrindo uma expectativa por HQs poético-filosóficas! Mas o posfácio de Magalhães expõe que os temas singraram também o cotidiano.
Esta segunda edição só comprova a interdisciplinaridade (e interconectividade) que perpassa as HQs e suas possibilidades. Vale ler este álbum, agora em sua 2ª edição. Todas as HQs são bem reflexivas, apesar de parecerem algumas estar em temas cotidianos.
Destaque para as de Mike Deodato Jr. e Henrique Magalhães pelo visual viajante reflexivo (sem desmerecer todas as outras que são excelentes, indo do estilo mangá ao naturalista!). E leia também a apresentação de Alberto Pessoa que introduz o tema e nos prepara à reflexão!
Gazy Andraus, por email em 21/09/2022 |