Arte e magia experimental em Translobo
A motivação para a criação de Translobo veio da intenção deliberada de provocar transformações em minha percepção de certos aspectos da realidade hiperinformacional contemporânea. Ou seja, o processo narrativo foi deflagrado por desenhos iniciais que compuseram um sigilo mágicko visual na tradição de Austin Osman Spare, mas aqui reconfigurado para o meu universo magístico e também ficcional da Aurora Pós-humana.
O meu sistema mágicko singular é também um complexo universo de ficção científica em que crio obras em múltiplas mídias enfocando aspectos diversos da tecnognose, das realidades ordinárias, das realidades virtuais e também das realidades vegetais. Nessas criações exercito minha busca de integralidade de ser, insurgindo-me contra a dominação comunicacional do binarismo anticósmico que engendra o obtuso extremismo e a polarização características da linguagem balizadora e dominadora de todas as outras, a digital. Ao contrário de uma postura tecnofóbica, adoto uma visão tecnoxamânica e ciberpunk dessa linguagem, apoderando-me eventualmente de suas ferramentas para subverter suas bases hipermencantilistas.
Para além de ser uma narrativa visual experimental de fantaciência, Translobo emerge como a fixação de um sigilo mágicko, mixando elementos simbólicos da tradição milenar ocultista a signos transumamos da explosão hiperinformacional e hipermidiática. Trata-se de um experimento mágicko e também artístico que instaura-se no contexto das chamadas histórias em quadrinhos poético-filosóficas, subvertendo muitos dos cânones e da sintaxe visual daquilo que comumente entende-se como quadrinhos. Para fruir Translobo é importante um mergulho livre de amarras de gênero, linguagem e forma, trata-se de uma obra que deve ser sentida e não compreendida. Essa HQ também é singular pois pela primeira vez um número de minha revista Artlectos e Pós-humanos traz uma única narrativa.
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Ciberpajé
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