Um dos trabalhos mais instigantes das HQ brasileiras é, sem dúvida, o de Edgar Franco. Com um universo próprio surreal e extraordinário, que serve de metáfora as nossas inquietações existenciais, Edgar nos apresenta uma obra criativa tanto com relação ao conceito, quanto ao texto e à arte gráfica. A esse universo ele deu o nome de “Aurora Pós-humana”, onde trabalha a simbiose entre humanóides e máquinas, numa antevisão cibernética que se mostra cada vez mais presente.
A “Aurora Pós-humana” permeia toda a obra de Edgar, desde a produção de fanzines até a pesquisa de ponta, que lhe rendeu a realização do Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado, trabalhos acadêmicos reconhecidos e premiados. Edgar também envereda pelo universo da música eletrônica experimental, dando sonoridade a seu universo particular.
No campo editorial, além de uma longa trajetória nos fanzines, Edgar já publicou o seminal álbum BioCyberDrama, em parceria com o quadrinista Mozart Couto. Pela Marca de Fantasia lançou-se o ensaio História em Quadrinhos e Arquitetura, já em segunda edição, além dos álbuns Agartha, Transessência e Elegia.
A sequência natural não poderia deixar de ser a produção de uma publicação regular, em que Edgar pudesse dar margem a novas experimentações. Isso se materializou na revista Artlectos e Pós-humanos, inicialmente publicada pela independente SM Editora e a partir da terceira edição pela Marca de Fantasia.
Na sétima edição, de março de 2013, Edgar relata que já ultrapassou as 200 páginas publicadas e suas expectativas com relação à revista, já que “a princípio foi pensada simplesmente como um laboratório criativo de HQ poético-filosóficas, sem nenhum compromisso com o mercado ou a tradição narrativa dos quadrinhos”. Esta edição conta com cinco histórias em quadrinhos, sendo que uma tem a participação especial de Matheus Moura como roteirista. Matheus, recém-Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás, é um jovem artista e pesquisador também afeito ao universo dos quadrinhos poético-filosóficos.
Henrique Magalhães
O traço virtuoso de Edgar Franco em Artlectos e Pós-humanos |