Zine e Academia
Henrique Magalhães
15/01/2024
Há muito os fanzines deixaram de ser simplesmente “magazines de fãs”, como se firmaram desde a origem. Ser fã pressupõe um certo grau de idolatria, que se dirige invariavelmente a ídolos de expressões artísticas e midiáticas. Não faltaram fanzines dedicados a músicos do rock, bandas, autores e séries de ficção científica, personagens, autores e estúdios de histórias em quadrinhos.
Mas os fanzines foram ampliando seu campo de produção a ponto de se tornar o espaço para os novos autores exporem seus trabalhos; para a rebeldia juvenil; para a militância em defesa das rádios livres, da ecologia, da homossexualidade etc. Essa abrangência já não cabia no termo “fanzine” e muitos editores passaram a denominar suas publicações de apenas “zine”, levando esse tipo de edição a outras possibilidades e experimentações, inclusive a artística com os artezines.
Cada vez mais os fanzines - ou zines - migram para as salas de aula, seja no ensino fundamental, médio ou universitário. Disciplinas são dedicados a eles, oficinas produzem e expõem esses pequenos folhetos. Há mesmo as “fanzinotecas”, que agrupam e documentam essas publicações tão efêmeras quanto amadoras e confidenciais.
O Academiczine abre outro flanco ainda inexplorado, o da produção acadêmica veiculada em zines. A ideia veio de Gazy Andraus, renomado autor e difusor desse meio, mas não pretende restringir-se a sua produção, quer contar com a participação de outros autores para a criação de uma série voltada aos quadrinhos, à contracultura e arte em geral. A série inicia com um artigo resumido de Gazy: “Robocop: entre o arbítrio robotizado e a liberdade humana”, e outro de Henrique Magalhães: “O que é alternativo”. O zine promete um longo passeio pela sendas acadêmicas.
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