O humor esteve na gênese dos quadrinhos em meados do século XIX com a disseminação da imprensa.Fazendo sátiras políticas e de costumes, algumas séries e personagens tornaram-se célebres e impulsionaram outras criações. As tiras publicadas nos jornais ajudaram à massificação dos quadrinhos por meio dos syndicates, as distribuidoras estadunidenses, que passaram a exportá-las para todo o mundo.
Se por um lado os syndicates propagaram as histórias em quadrinhos, por outro inibiram as expressões locais pelo poder de massificação que engendram. Em contraponto a essa força impetuosa, os autores brasileiros responderam com o que lhes é mais caro, sua identidade.
O humor com características da cultura local é trabalhado a partir de um código linguístico próprio, de difícil tradução, pois requer o conhecimento de elementos indissociáveis da vivência quotidiana. Nossos quadrinhos exploraram muito bem o humor impulsionados por uma situação limite, o regime ditatorial entre as décadas de 1960 e 1980, quando despontaram inúmeros cartunistas com tiras de teor político, fazendo a leitura crítica da realidade.
Malgrado o refluxo do jornalismo impresso, os quadrinistas profissionais e amadores continuam produzindo, criando novas personagens que traduzem os dissabores e prazeres da vida. Para divulgá-las, publicam álbuns e livros por editoras e autoedições e espalham suas obras pela internet, em sítios e redes sociais. Este livro discorre sobre os percalços dessa aventura. |