Em 2003 José Audaci Junior estava em vias de concluir o Curso de Comunicação Social na Universidade Federal da Paraíba. Para isto ele teria que apresentar um trabalho de conclusão de curso. Entre muitas modalidades jornalísticas a trabalhar, ele escolheu talvez a mais difícil, ou pelo menos a mais inusitada: fazer uma reportagem em quadrinhos.

A academia se presta a experimentações e esta escolha de Audaci, sem dúvida, abre um campo novo no âmbito dos gêneros jornalísticos. Aproveitando a passagem dos 40 anos de produção dos quadrinhos na Paraíba, o autor resolveu analisar esse longo período não de forma convencional, fazendo uma reportagem textual. Ele transformou sua investigação numa história em quadrinhos, inspirado na bem sucedida obra do maltês Joe Sacco, autor de vários álbuns com reportagens em quadrinhos.

Segundo Audaci, durante as pesquisas, o que se observava em jornais e livros que abordavam o assunto era o distanciamento analítico dos principais personagens, autores e eventos. Ele procurou dar um caráter ensaísta inédito ao tema, interpretando o desempenho dos autores na produção, decompondo personagens, descortinando o lado humano dos autores e analisando os principais eventos sobre os quadrinhos paraibanos.

Dada a amplitude da pesquisa, o autor se resguarda de inevitáveis omissões. Para remediar, ele apresenta uma cronologia sobre os principais personagens e publicações. Riscos no tempo traz recortes que vão de 1963, ano da gênesis da produção de HQ no estado com As aventuras do Flama, de Deodato Borges, passando por momentos e personagens importantes que compõem essa trajetória, até a chegada de novos autores, como Shiko e o estúdio Made in PB na década de 1990.

Na avaliação de Audaci, “às vezes, para a construção do entendimento da contemporaneidade, mais especificamente no âmbito dos quadrinhos da região, devemos realizar a desconstrução do passado recente para refazê-lo como conector da situação atual. Derrubar para reconstruir”.

José Audaci Junior debruçou-se sobre a história em quadrinhos paraibana numa perspectiva crítica e quase sempre irônica. Essa abordagem foge às habituais retrospectivas que são feitas mais para homenagear que para analisar o conjunto da arte. Malgrado venha ferir suscetibilidades, a desconstrução proposta pelo autor é fundamental e necessária para o estudo dos quadrinhos paraibanos e, quiçá, para lhe possibilitar o vislumbre de novos rumos.

Henrique Magalhães

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