Por doze edições Marcelo Marat esteve à frente do fanzine O Inquilino, numa investida rara no meio independente no Brasil: o planejamento de um projeto editorial fechado, bem definido em seus objetivos e em sua realização. Com O Inquilino, ele criou um veículo para o aperfeiçoamento da tessitura do texto, para o desenvolvimento do roteiro dirigido às histórias em quadrinhos. Mais que esse fim alcançado, Marat ainda nos ofereceu a descoberta de excelentes jovens desenhistas.
O Inquilino trouxe a cada número o traço de diferentes desenhistas, que davam vida plástica aos roteiros de Marat. Dessa forma, Marcelo dedicou-se a experimentar várias formas de contar histórias e buscou na diversidade gráfica aquela expressão que melhor traduzia o clima de seus roteiros.
Sem dúvida, este foi um projeto muito interessante e também incomum nos quadrinhos brasileiros. O espaço dos fanzines volta aí a sua gênese, prestando-se essencialmente à busca de novas linguagens e ao descobrimento de novos caminhos. Malgrado a enxurrada de fanzines e publicações independentes que procuram apenas copiar os heróis da moda, há ainda quem se preocupe em desenvolver um trabalho profundo e original. H. Magalhães |