Falar do trabalho de Edgar Franco – e em particular de Agartha, já em terceira edição – parecia-me absolutamente desnecessário, quando não redundante, caso procurasse fazer uma leitura objetiva da obra. Desse modo, deixo-me levar de modo intuitivo pelas reflexões que obra nos sugere.
O trabalho de Edgar extrapola os limites literários e deságua num grafismo repleto de simbolismos e imagens oníricas. Os elementos visuais voltados ao Cosmos, a universos estranhos e fascinantes nos remetem à estética psicodélica dos hippies dos anos 1960/1970 e suas viagens astrais. Viagens que tinham como motivação a busca de sentido e compreensão do ser, dos mistérios da criação, seja nos limites inatingíveis do infinito, seja nos recônditos do indivíduo. Extremos que se encontram na essência mesma do ser.
Edgar Franco é um dos mais vigorosos autores de um gênero de quadrinhos que já se tornou uma expressão marcante no Brasil: os quadrinhos ditos filosóficos ou metafísicos ou místicos ou reflexivos – os quadrinhos poéticos. Pois é de poesia a matéria prima da obra de Edgar e nada mais subversivo e indomado que a linguagem poética.
H. Magalhães
Páginas de Agartha, de Edgar Franco |