A primeira paixão de toda criança dá-se com seus heróis dos quadrinhos. A leitura ganha ritmo e força apoiada na representação gráfica desse excepcional meio de comunicação.
Os quadrinhos fascinam mesmo, fazendo fluir em cada coração e mente – infantis, juvenis, adultos, pouco importa – todo um mundo de sonho, expressão das mais recônditas fantasias.
Alguns desses leitores apaixonados ultrapassam a fronteira do sonho e criam suas próprias personagens, tornando concretas – impressas sobre o papel – suas visões de mundo, seus conflitos interiores, suas críticas ao sistema estabelecido. Este percurso foi traçado por Marcos Nicolau, que enveredou no jornalismo – particularmente voltado às artes gráficas – desde cedo, onde fez surgir personagens e Histórias em Quadrinhos com um vigor impressionantes.
Outro caminho pouco usual, mas nem por isso desimportante para o desenvolvimento dos quadrinhos de Marcos foi o da inquietação investigativa, da busca de compreensão da linguagem, dos meandros dessa arte, que são as Histórias em Quadrinhos. A formação acadêmica de Marcos forneceu os instrumentos para uma análise dos quadrinhos naquilo que eles têm de essencial, mas que é tão pouco estudado: a linguagem textual.
O texto nas Histórias em Quadrinhos evoluiu do literário até se constituir numa expressão própria, numa simbiose – ou interrelação – de discurso direto, por meio do diálogo, pensamentos, reflexões, narrativas exteriores ou vinculadas à ação. É dessas modalidades em constante mutação que trata o trabalho de Marcos, dando ao texto sua devida importância no seio das Histórias em Quadrinhos.
Num momento de crise de criação, de carência de bons argumentos e de textos convincentes, Marcos Nicolau nos oferece uma imprescindível fonte de reflexão. Henrique Magalhães |