O mundo virtual, ao contrário do que muitos imaginam, começa através da linguagem e não pelos computadores. Sendo as tecnologias encaradas como a extensão do corpo do homem moderno, elas também têm sido aliadas na construção de novos modelos de vida e de conhecimentos.
Segundo Pierre Lévy, “o ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores [...]’’. A literatura contemporânea, construída nesse ciberespaço veloz e cheio de possibilidades, deve ser observada com mais atenção. A matemática dos códigos binários é a coautora desse momento, por ela e através dela, é possível compactuar o mundo. Pensar a literatura como algo fechado, ultrapassado e extenso (em relação aos textos), é enterrar novos gêneros e novos artistas. Nesse sentido, autores como André Sant’Anna e Edgar Franco, sendo bases deste livro, são a representatividade desses escritores e artistas contemporâneos, que usam dos recursos do ciberespaço para articular suas obras.
Em Sexo (1999), André Sant’Anna tece críticas sociais, culturais e políticas com usando do recurso binário, de oposições e polarizações para criticar e fazer seus leitores, através do estranhamento, analisarem o mundo ao redor. Por outro lado, Edgar Franco, em Renovaceno (2021), através da introspecção, se apossa dessa nova linguagem para fazer um mergulho em seu interior e na natureza a sua volta, como ferramenta para enfrentamento dessa sociedade e desse mundo tão carregado e poluído por toda essa parafernália tecnológica. |