Na florescente produção das publicações independentes brasileiras, a revista Café Espacial ocupa um lugar de destaque. A primeira edição saiu em 2007 e já se encontra no número 8, de dezembro de 2010, demonstrando persistência num meio ainda instável desse setor no país, e um projeto editorial bem concebido, abordando várias expressões artísticas normalmente produzidas fora do circuito convencional.
Café Espacial tem edição e projeto gráfico de Sergio Chaves, com a colaboração de Lídia Basoli, Laura Gattaz e Jefferson Cortinove, que formam o conselho editorial. Para as edições, conta com a participação de articulistas e autores de histórias em quadrinhos, ilustrações contos e poesias, gerando uma miscelânea de obras textuais e gráficas que mostram os novos rumos das artes nacionais e internacionais. Esse conceito já rendeu à publicação dois troféus HQ-Mix de melhor publicação independente de grupo (2009 e 2010), o troféu Bigorna de 2008 e o Prêmio DB Artes, de 2009.
Na oitava edição, a Café Espacial traz as HQ “O infeliz destino de Sebastião Salvador”, por Susa Monteiro, de Portugal; “Duas luas”, de André Diniz, que também assina a bela capa dupla; “Cinza”, por Sergio Chaves, Salatie de Holanda e Lese Pierre; “Del rostro a los años”, por Berliac e Sofía Berge, da Argentina; e “Este sou eu”, do português Paulo Monteiro. A revista tem procurado fazer um salutar intercâmbio com os quadrinistas de outras terras, abrindo canais para a publicação de autores com realidades editoriais muito próximas da nossa e criando pontes para a difusão dos trabalhos locais.
Além dos quadrinhos, a revista apresenta seções de cinema, teatro, poesia, fotografia, música e literatura, enfocando, nesta edição, a obra cinematográfica de Godard, por Lielson Zeni; a companhia teatral Cia Mobiles, por Lídia Basoli e Felipe Selles; poemas gráficos de Jefferson Cortinove; fotografias de Paula Mello; conto de Vanessa Rodrigues; e entrevista com a banda Terminal Guadalupe, por Ive Moco. Essa diversidade temática é uma tendência das publicações independentes, que buscam abarcar a movimentação cultural como um todo, e não uma expressão isolada. O ponto em comum é a excentricidade artística, expressa em novas linguagens e na situação de se encontrar fora do circuito comercial, ou, quando não tanto, de propor novas propostas conceituais.
A Café Espacial faz jus aos prêmios recebidos, tanto pela qualidade do conteúdo veiculado, quanto pelo capricho editorial. O trabalho de Sergio Chaves no comando da publicação garante-lhe um belo projeto gráfico e editorial, que se refina a cada edição.
H. Magalhães
Páginas de Café Espacial n. 8 |