Elmano Silva Santos, também conhecido como Mano, nasceu em Recife, em 1942. É um artista múltiplo e criativo, com atuação como roteirista e desenhista de história em quadrinhos, na pintura, no teatro, na publicidade, na televisão e na literatura.
Desde 1977 Elmano publicou roteiros, ilustrações para histórias em quadrinhos, capas para livros e revistas para as editoras Vecchi, Manchete, Record, Vozes, Grafipar, Press Editorial, Telebrasil, Ao Livro Técnico, Icea e Ediouro, além de participação com ilustrações para a Print Design Publicidade, do Rio de Janeiro, e com roteiros e desenhos para o programa Chico Anysio Show, da TV Globo.
São várias as premiações em sua trajetória artística, desde a menção honrosa no Salão de Inverno de Petrópolis, em 1976 até a menção honrosa no 9º e no 10º Concurso de B.D. e Cartoon de Moura, Portugal, em 2001 e 2002. Entre outros, tirou o primeiro lugar no VI Salão Carioca de Humor, com a melhor charge, em 1993 e o primeiro lugar no 4º Concurso Nacional de Histórias em Quadrinhos, de São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 1999.
Radicado no Rio de Janeiro, foi com os quadrinhos de terror, publicados nas décadas de 1970 e 1980, que se tornou célebre, escrevendo e desenhando histórias que se destacaram nas principais revistas do gênero, como Pesadelo, Sobrenatural, Calafrio, Mestres do Terror, Revista Medo, Gritos de Terror e Assombração, em particular na revista Spektro, da editora Vecchi.
A participação de Elmano na revista Spektro foi considerada como das mais importantes, com a série de história em quadrinhos “O Homem do Patuá”, ao lado de “Hotel Nicanor”, de Flavio Colin. Atualmente Elmano vive em Joinville, Santa Catarina, onde continua produzindo e tem várias obras inéditas aguardando publicação.
No campo das histórias em quadrinhos, o trabalho de Elmano é repleto de brasilidade, um trabalho feito com consciência e muita seriedade. Bem distante dos clássicos do terror da época, do tipo Drácula e Lobisomem, ele procurava fazer um terror mais real, explorando a violência das relações humanas. Muitas de suas histórias se passavam no Sertão do Nordeste, com suas lendas, mitos e até personagens inspiradas na realidade, cujo ambiente era o celeiro para seu universo ficcional. Outras regiões do país também são enfocadas em sua obra, como os rincões da selva com suas tribos indígenas, em Boiúna e o interior de Minas Gerais, com Botija Sinistra. São ainda destaques de sua criação as séries O Filho de Satã, Silas Verdugo – o Homem do Patuá e Sinhá Preta – a mítica velha catimbozeira das reminiscências da infância do autor, que tem um álbum inédito.
Como um artista plural, o trabalho de Elmano vai além das fantásticas histórias de terror, as quais se tornou um mestre da narrativa e da resolução gráfica. Ele também enveredou pelas HQ de ficção científica e mesmo histórias infantis, a exemplo de Krahomim, revista especial recentemente lançada pela independente SM Editora, de José Salles.
Com o álbum Os Marginais, Elmano traz à tona uma outra face do terror, não mais o sobrenatural, mas o que assola nossas metrópoles, dominadas pela violência, pelo banditismo e pelo cinismo governamental. Neste álbum ele nos apresenta duas histórias em quadrinhos num impecável trabalho gráfico e textual, situando-as no submundo miserável das favelas, com seu poder paralelo e antiético e sua lei do cão. O terror trabalhado por Elmano em sua obra muda de aspecto e de tom, mas continua aparovante, em histórias que, com seu jeito peculiar, só ele consegue contar.
Elmano Silva é um veterano dos quadrinhos brasileiros, no entanto, como de praxe em nosso país, continua à margem do mercado editorial, mesmo tendo seu trabalho reconhecido pela crítica e pelo público. Henrique Magalhães |