Edgar Franco eu já conhecia há alguns anos, desde a explosão dos fanzines no país em meados dos anos 1980. Ao fundar a editora Marca de Fantasia em 1995 foi ele um dos autores fundamentais para a constituição da revista Tyli-Tyli – depois Mandala – dedicada aos quadrinhos poético-filosóficos, desta forma estabelecemos uma parceria artística e afetiva que perdura até hoje. Além dos livros teóricos que Edgar nos presenteia, temos o prazer de trazer a público sua revista em quadrinhos Artlectos e Pós-humanos, em que exprime de forma mais experimental sua criação.
Em 2003 chegou-me às mãos um pacote enviado por Edgar com uma série de quadrinhos feitos em parcerias, com a proposta de edição de um álbum chamado Duetos essenciais. Foi uma grande surpresa, pois só conhecia dele o trabalho solo, como era natural dada a extrema personificação de sua obra.
O que vi foi tão impactante que de certo modo me deixou imobilizado. Foi o momento em que a editora tomava outros rumos produtivos, deixando a fotocópia de lado e partindo para a impressão em laser. Isto me possibilitava o controle da qualidade da produção, mas criava limitações sobretudo com relação ao formato. Essas condicionantes por certo foram os motivos principais para o adiamento por tanto tempo dessa edição tão seminal de Edgar, que apresentamos agora.
Depois de tanto tempo a obra vem marcada inevitavelmente pela temporalidade, mas que não deixa de ter seu valor implícito, além de representar o resgate de um tesouro perdido e que afinal veio à luz. Neste álbum é possível ver um momento muito importante da obra de Edgar Franco, um estágio de seu desenvolvimento que foi promissor para a maturidade atual. Por outro lado, mostra a humildade do autor em compartilhar com generosidade seu universo tão pessoal, encontrando ressonância em tantos artistas que, por fim, celebraram com ele a sua arte.
Henrique Magalhães
Outras expressões gráficas para a obra de Edgar Franco |
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