Este livro e o primeiro da coleção a trazer uma mescla de trabalhos nos formatos tiras e cartum. Rogério produziu trabalhos no formato tiras por cerca de dez anos para o jornal de sua cidade. Depois optou pelo cartum, talvez pela maior rapidez desse formato, mas também pelo atrativo da piada rápida, da resolução da ideia numa única cena. Ao contrário do que às vezes é propagado, o cartum não é uma forma de expressão distinta da história em quadrinhos e sim uma forma particular de HQ onde a história toda é contada numa única imagem (como também é o caso da charge).

A HQ no formato tiras tem um recurso extra de poder desenvolver uma história em mais de uma imagem. O tipo de tira mais comum divide a ideia em três quadros, a apresentação da situação no primeiro, o desenvolvimento no segundo e o desfecho no terceiro. A sequência de imagens é algo tão importante na HQ que Will Eisner chamou-a de Arte Sequencial e alguns estudiosos chegam a considerar história em quadrinhos somente quando há dois ou mais quadros. No entanto, a ausência de encadeamento de imagens no cartum não é razão suficiente para descaracterizar o cartum como um tipo de história em quadrinhos. A essência da HQ, que é contar uma história através de imagem, está presente no cartum. E este conceito é reforçado pela facilidade com que os formatos tiras e cartum se confundem em muitos trabalhos. O exemplo mais visível é a série Frank & Ernest, de Thaves. Esta série ocupa o espaço das tiras nos jornais e coletâneas, mas se apresenta sempre num único quadro mantendo coo único elemento comum entre uma tira e outra a caracterização visual dos dois personagens, às vezes nem isso sendo respeitado. Também é muito comum o espaço da charge política nos jornais ser usado para publicar trabalhos de dois ou três quadros. Recentemente, o suplemento de TV da Folha de S. Paulo abriu espaço para publicação de cartum de Laerte, mas frequentemente aparecem histórias em diversos quadros. Neste livro, a facilidade com que Rogério passeia entre os formatos, fazendo HQs em tiras, em páginas inteiras ou meias páginas, ou ainda em cartuns mostra bem que em essência tudo é história em quadrinhos.

Entre os trabalhos de Rogério publicados neste volume, merece destaque o personagem Mogizinho. Num mundo super povoado de crianças como é o mundo dos quadrinhos parece impossível criar um moleque com características distintas. Rogério conseguiu dar a Mogizinho uma característica própria, um tipo de comportamento meio cínico, meio ingênuo que resultou em HQs antológicas. A primeira tira da página 7 é exemplar desse comportamento. Mas isto foi resultado de uma evolução no trabalho de Rogério. Nas primeiras tiras mostradas nas páginas 8 a 13 este comportamento já aparece algumas vezes, mas não é predominante. Na maioria das tiras, Mogizinho é apenas um garoto muito ingênuo e em algumas nem é o protagonista. Nos trabalhos mais recentes, páginas 14 e 15, a personalidade de Mogizinho já está bem definida e todo o potencial do personagem pode se percebido. Infelizmente Rogério não tem produzido regularmente trabalhos com o moleque e até usou essas características do personagem em outras crianças como nas páginas 20 a 23, em HQs que poderiam ter sido protagonizadas por Mogizinho. Espero que Rogério encontre oportunidades para produzir novos trabalhos com este menino que ainda tem muita arte pra fazer.

Edgard Guimarães

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