O 2º GAG é algo impressionante em vários aspectos. Em primeiro lugar por dar continuidade a uma iniciativa louvável: promover a produção de tiras através do incentivo de um concurso, idealizado pela Editora Marca de Fantasia com o respaldo da Universidade Federal da Paraíba. Em segundo lugar, pela resposta dos autores à iniciativa: meia centena de trabalhos inscritos. Com destaque para a participação de autores de outros países, o que dá uma ideia do prestígio da editora Marca de Fantasia.
Mas o aspecto que acho mais interessante diz respeito à qualidade dos 15 autores selecionados. Não só a qualidade das tiras apresentadas, que é inegável, com trabalhos verdadeiramente antológicos, mas pelo currículo dos participantes. Quem acompanha os quadrinhos nacionais, principalmente os produzidos longe dos grandes veículos de imprensa, tem a satisfação de reencontrar nomes aparentemente sumidos, mas que, constata-se agora, continuam produzindo, desenvolvendo seus trabalhos, criando tiras da mais alta qualidade. Muitos deles já publicaram edições próprias, participaram de revistas com trabalhos variados ou fizeram suas próprias antologias de tiras. Toda essa bagagem transparece no resultado de suas séries. Os autores mais novos, no entanto, não deixaram por menos. Mostraram personalidade na escolha dos temas, na solução das ideias, no estilo dos desenhos.
Falando em tema, também é interessante notar que o tema político não teve destaque, embora a preocupação social tenha aparecido em vários trabalhos. Mas a incidência de temas mais amenos predominou, o que indica a preocupação do autor em se comunicar com um público mais amplo. No entanto, mesmo nas séries aparentemente neutras, a crítica mordaz não deixou de comparecer em uma ou outra tira.
Um último comentário merece ser feito: embora, hoje, o meio virtual tenha se apresentado como um espaço atraente para a publicação das tiras e, de fato, é um espaço que não deve ser desperdiçado, a publicação impressa de um trabalho tem outro valor. Seja pela materialidade do papel, seja pela mobilidade da edição, mas principalmente pela durabilidade do livro na preservação do conteúdo. Daí vem o último aspecto interessante desse 2º GAG: a efetiva publicação dos trabalhos selecionados neste volume que agora se apresenta ao leitor. Edgard Guimarães |