Conheci Cleuber e os meninos do Arroz Integral há dez anos, numa convenção de quadrinhos em Belo Horizonte. Na época, o movimento quadrinístico na cidade passava por sua melhor fase, com autores e publicações surgindo a cada dia. No meio de muita novidade, pastas, portifólios e originais, os desenhos aparentemente mal-acabados das primeiras tiras do Arroz Integral chamaram minha atenção.

Fiel à irreverência e à sinceridade que seriam as bases do underground e do grunge, Cleuber passou a desenhar exclusivamente o Arroz Integral. Nos anos seguintes, ele lançou fanzines, estabeleceu um estilo, reinventou esse estilo, explorou ao máximo o pequeno universo das bandas iniciantes. Com isso, a cada tira e nas HQs de página inteira, ele desenvolveu (quase intencionalmente) uma série original, inteligente e engraçada.

Misturando dilemas e sonhos juvenis, a série Arroz Integral pode ser resumida numa palavra: “nostalgia”. Não exatamente o sentimento definido nos dicionários, mas um certo estado de espírito então cultivado por Cleuber, como sendo: “aquela mesma velha nostalgia de sempre”. Esta característica é percebida em seus melancólicos personagens, que tentam manter a identidade, ao mesmo tempo em que buscam um lugar ao sol no mundo do rock.

As historinhas de Crof, Nico e Berly simbolizam uma esperança teimosa: a persistência em produzir quadrinhos no Brasil (sem apoio, nem recursos). E assim, contra todas as probabilidades, Cleuber seguiu retratando novos acontecimentos e revelando faces surpreendentes dos meninos do Arroz Integral (basta ver o chocante “novo visual”). Com o tempo, sua proposta criativa também amadureceu, gerando histórias mais críticas e bem-estruturadas e desenhos mais elaborados e cativantes.

Pela amizade com o autor e por acreditar no trabalho, em 2002 editei e lancei a revistinha O Melhor do Arroz Integral e em 2003 O Lado B do Arroz Integral. Com fãs espalhados pelo Brasil, as pequenas edições não demoraram muito a desaparecer. Contudo, devido à impossibilidade de se dedicar profissionalmente aos quadrinhos, Cleuber acabou deixando de lado as tirinhas e HQs. Para os fãs do Arroz Integral, os últimos cinco anos sem seus ruídos e rabiscos foram de um silêncio ensurdecedor.

Mas a espera está chegando ao fim! Cleuber voltou a desenhar as aventuras e desventuras de seus personagens mais carismáticos. E para celebrar este novo começo, estamos lançando pela série Biografix: Os maiores sucessos do Arroz Integral. Reunidas neste livro estão todas as tiras e HQs publicadas nas duas revistinhas que lancei, além da história inédita “Lixo” (nossa “faixa bônus” especial para os fãs do trio de BH).

Enfim, para aqueles que ainda não conhecem Nico, Crof e Berly, este álbum é uma ótima pedida. Já para os fãs fiéis do Arroz Integral, este novo “disco quadrado” é a oportunidade ideal para matar a saudade, enquanto as novas historinhas não chegam. “Aquela mesma velha nostalgia de sempre” está de volta! Vida longa ao Arroz Integral!

Wellington Srbek

 Mais álbuns de quadrinhos pela Marca de Fantasia
Rendez-vous
Henrique Magalhães

Galeria de personagens marginalizados ou excluídos.
Edição digital

Tira Teima
Edgard Guimarães
Tiras diversas do autor.
Edição digital
Amores plurais: quadrinhos e homossexualidade
H. Magalhães (org.)
Quadrinhos de vários autores, selecionados em concurso.
Edição digital
Só os inteligentes podem ver
Guilherme Smee

Trajetória autobiográfica do autor na descoberta da homossexualidade.
Edição digital
Detetive Darkfield
John Nunes
Histórias policiais sobre ocorrências sobrenaturais.
Edição digital

Marca de Fantasia
Junho de 2022
Editor: Henrique Magalhães
Rua João Bosco dos Santos, 50, apto. 903A. João Pessoa, PB. Brasil
Cep: 58046-033. Tel (83) 998.499.672
  Pedidos por transferência ou depósito bancário:
  Banco do Brasil.
  Agência 1619-5, Conta 41626-6. Chave pix: (83) 998499672.
  Envie cópia do comprovante de depósito e o endereço para entrega.
  Contato: marcadefantasia@gmail.com -  https://www.marcadefantasia.com