Até a década de 1990, o fandom era o responsável direto pela corrente crítica da ficção científica no Brasil. Com o passar dos anos, essa crítica foi se profissionalizando e, atualmente, os críticos brasileiros direcionam suas análises para os mais diversos subgêneros da ficção científica.
Nos trabalhos atuais desses críticos, é possível verificar uma tendência em empregar três conceitos para definir esse gênero. Arnaldo Mont'Alvão Júnior elege como objeto de sua pesquisa as três definições de ficção científica identificadas no acervo da crítica brasileira: a primeira definição aponta para a concepção de mito; a segunda configura-se por meio de jogos entre realidade versus ficção; e a última é caracterizada baseando-se no plano do sense of wonder.
Essas definições refletem a concepção de ficção científica que a crítica brasileira possui nesta década de 2000 e encontram-se nas seguintes obras: Ficção científica, fantasia e horror no Brasil: 1875 a 1950 (2003), de Roberto de Sousa Causo; O rasgão no real: metalinguagens e simulacros na narrativa de ficção científica (2005), de Braulio Tavares; e A construção do imaginário cyber: William Gibson, criador da cibercultura (2006), de Fábio Fernandes. Este trabalho é o resultado da dissertação de Mestrado de Arnaldo, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob orientação do professor Edgar Cézar Nolasco. Para Nolasco, a pesquisa traz uma contribuição para a fortuna crítica do gênero ficção científica que ainda não foi devidamente aferida pela recepção: “Se, por um lado, Mont'Alvão Júnior problematiza ainda mais a questão que se impõe em torno da (in)definição crítica da ficção científica, por outro lado, rediscute com maestria os percalços encontrados sobre tal conceituação”. |