Apresentação
O artigo “A inserção do fanzine em pesquisas da área de Letras no Brasil (1990-2023)”, de Juliana Gama de Brito Assumpção, abre os trabalhos da revista com uma pesquisa que vai além do recenseamento sobre esse gênero de publicação. Juliana apresenta um panorama quantitativo de produções acadêmicas sobre fanzine catalogadas nos dois maiores bancos digitais de teses e dissertações do Brasil no período enfocado, vinculadas à área de Letras, e investiga de que forma o fanzine se insere nesse meio.
Alberto Ricardo Pessoa, juntamente com Adson Matheus Lucas Siqueira e Isaac Newton Dantas da Costa Luz, adentram a obra de Julio Shimamoto para revelar um obscuro período de sua carreira, em que foi perseguido pela ditadura militar brasileira. O artigo “Marcas da resistência em A maldição do AI-5” reflete sobre essa HQ do mestre Shima, em parceria com Nani e Reinaldo, publicada no encarte O Pingente, do jornal O Pasquim.
A edição segue com “Os Leões de Bagdá: escancarando que os bichos são nossas vítimas preferenciais”, de Elidiomar Ribeiro Da-Silva, analisando à luz dos preceitos da zoologia cultural como se dá a presença simbólica dos animais não-humanos nas diferentes manifestações culturais humanas; Cláudio Aleixo Rocha traz uma “Metodologia de design aplicada à criação de história em quadrinhos”, apresentando suas etapas, contribuições e relevância para o desenvolvimento do projeto; já Marcelo Bolshaw Gomes, em “O eterno retorno do Tempo”, discorre sobre a série televisiva britânica de ficção científica Dr. Who fazendo uma descrição interpretativa de seus principais elementos narrativos.
No campo do ensaio visual, três trabalhos vêm à baila: Wiverson (Will) Azarias apresenta a personagem Nóico, o conspirólogo, que faz a sátira sobre “os delírios difundidos nas recentes manifestações antidemocráticas no país”. Seu Raimundo Fred, de Dudu Gomes, explora as idiossincrasias dos passageiros de taxi, que são analisados por um motorista com inspiração “filosófica”. Por meio de uma resenha/entrevista, Gazy Andraus traz a obra gráfica de Paulo Sayeg, extraordinário artista plástico e visual que opera em um campo de proximidade com os quadrinhos, tendo já feito algumas experiências no meio.
Fecha a edição o “diálogo acadêmico” estabelecido pelo editor com a poeta e quadrinista Anita Costa Prado. Eles abordam o perfil editorial da Marca de Fantasia, traçam e propõem rumos alternativos para a editora.
Este número da Imaginário! sai mais enxuto, com cinco artigos, dois ensaios visuais e um “diálogo acadêmico”. Malgrado seja grande a produção de artigos sobre quadrinhos realizada por estudantes e professores em projetos de Iniciação Científica, bem como em cursos de Mestrado e Doutorado no país, a pouca procura para publicação na revista nos faz pensar que ela pode ter chegado ao seu limite, cumprindo seu papel de fomento à pesquisa e elevando as histórias em quadrinhos a sujeito relevante de estudo. Só há duas revista no país dedicadas ao tema, a Imaginário! e a Nona Arte, da USP. O provável encerramento das atividades da primeira talvez possa levar à reflexão sobre os caminhos da investigação e difusão dessa arte.
Henrique Magalhães
Expediente
Apresentação
Artigos
A inserção do fanzine em pesquisas da área de Letras no Brasil (1990-2023)
Juliana Gama de Brito Assumpção
Marcas da resistência em A maldição do AI-5
Alberto Ricardo Pessoa
Adson Matheus Lucas Siqueira
Isaac Newton Dantas da Costa Luz
Os leões de Bagdá: escancarando que os bichos são nossas vítimas preferenciais
Elidiomar Ribeiro Da-Silva
Metodologia de design aplicada à criação de história em quadrinhos
Cláudio Aleixo Rocha
O eterno retorno do Tempo
Marcelo Bolshaw Gomes
Processos criativos
Nóico, o conspirólogo em: Marx-assombrado!
Wiverson (Will) Azarias
Seu Raimundo Fred
Dudu Gomes
Paulo Sayeg e suas artes deslimitantes
Gazy Andraus
Diálogo acadêmico
Uma jornada extraordinária
Henrique Magalhães
Anita Costa Prado
Normas de publicação
Capa
Arte de Juliana Gama para o fanzine Grimório n. 1, 2017. Revista de análise sobre Comunicação e Artes. O uso das imagens serve apenas ao estudo, de acordo com o artigo 46 da lei 9610. O direito dos textos e imagens pertence a seus autores ou detentores. |