O Riso que liberta: ou as origens da caricatura originou-se da fundamentação teórica da tese de Doutorado de Wellington Srbek pela Faculdade de Educação da UFMG. Trata-se do riso que liberta do medo do desconhecido, da opressão social, das convenções e preconceitos, enquanto princípio fundamental da caricatura. Gênero de desenho ligado ao humor político moderno, a caricatura, segundo a concepção apresentada no livro, tem raízes históricas bem antigas, que remontam à Grécia arcaica.

Para desenterrar essas raízes, Wellington foi buscar os conceitos elaborados por Bakhtin sobre o “realismo grotesco”, que leva à constatação da existência de toda uma categoria estética à margem da cultura oficial e dos padrões de beleza do classicismo, hegemônicos no Ocidente nos últimos milênios. Bakhtin elege o carnaval popular da Idade Média e início da Época Moderna como a expressão mais intensa desse “realismo grotesco”, que tem como um de seus elementos fundamentais o “rebaixamento” físico, corporal, verbal, simbólico etc. 

Srbek reforça que "esse conceito se traduz na valorização da materialidade e da vida, representadas por um 'riso popular universal'. Neste sentido, as manifestações ligadas ao riso deveriam ter a mesma atenção e valorização daquelas ligadas aos modelos de seriedade." Como diria Bakhtin, somente o riso, com efeito, pode ter acesso a certos aspectos extremamente importantes do mundo.

Segundo a ideia defendida por Srbek, "esse riso será a base da caricatura moderna , manifestação de grande apelo popular, afeita a hipérboles visuais e debochadas metonímias (que muito comumente votavam-se a 'rebaixar' os ricos e poderosos da sociedade). O que se estabelece na Época Moderna é uma tradição estilística do humor político, que liga nomes como William Hogarth e James Gillray a outros como Francisco Goya e Grandville. Na verdade, segundo confirma o estudioso das artes Hans Ernst Gombrich, estariam nas caricaturas de um Honoré Daumier as origens da arte modernista ao estilo de um Pablo Picasso, por exemplo."

Para levantar as origens da caricatura, Srbek valeu-se principalmente de reedições e coletâneas críticas das gravuras e caricaturas dos referidos autores, bem como de livros de arte sobre Leonardo da Vinci, Hieronymus Bosch e Pieter Brueghel, que fazem a ponte entre a tradição popular grotesca e as obras artísticas. O autor lembra que essa tradição crítica da caricatura será reeditada no Brasil pelo pioneiro dos quadrinhos e caricaturas Angelo Agostini, e por seus talentosos sucessores, entre os quais se destacam Ziraldo e Henfil.

H. Magalhães

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