Luzardo Alves é daqueles artistas que por certo tempo nos encantam com sua obra e de repente desaparecem de cena, deixando um vazio onde antes só havia prazer. Ao contrário do que se possa imaginar, Luzardo continua bem, desenhando e publicando na imprensa paraibana.
Na década de 1960, Luzardo deixou a Paraíba para radicar-se no Rio de Janeiro, onde foi trabalhar na revista O Cruzeiro, então a mais importante do país. O jovem cartunista caíra na graça de Assis Chateaubriand, o rei da imprensa brasileira, que fora seduzido pela criatividade irrequieta do conterrâneo.
A aventura no Rio de Janeiro durou poucos anos, mas o suficiente para Luzardo marcar presença ao lado de Henfil, Millôr Fernandes, Péricles, Carlos Estevão, Juarez Machado, Nilson, Redi, Ciça, Daniel Azulay, Ziraldo, Zélio, Jaguar, Fortuna, enfim, o sumo do humor gráfico brasileiro. Além de publicar em O Cruzeiro, participou da Revista do Rádio e dos jornais Correio da Manhã e O Dia.
De volta à Paraíba, Luzardo articulou com os jornalistas locais a fundação do jornal alternativo Edição Extra, em 1971, seguindo a linha do semanário O Pasquim. Foi no Edição Extra que criou, ao lado de Anco Márcio, uma das mais irreverentes personagens dos quadrinhos paraibanos: Bat-Madame, que fazia a sátira escrachada de Batman e dos costumes da região.
Luzardo publicou suas charges e cartuns nos jornais diários do estado, criando uma série de novos personagens. Para difundir ainda mais seu trabalho, editava a Charge da Semana, um folheto patrocinado pelo comércio e com distribuição gratuita, onde o personagem Pataconho ironizava a política e a banalidade de nossa vida quotidiana.
Em 1997 a Gibiteca Henfil, de João Pessoa, promoveu uma exposição retrospectiva da obra de Luzardo, cujo catálogo, reunindo as fases representativas de seu trabalho, chega agora à terceira edição.
H. Magalhães
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