Apresentação
Nesta segunda edição, a revista Discursividades traz um novo conjunto de textos em cujos temas são enfatizadas problemáticas diversas no campo da linguagem. Nos olhares dos autores, as discussões são conduzidas, quer sob um viés linguístico ou discursivo, a partir de inquietações advindas de práticas e experiências da nossa contemporaneidade.
Partindo da própria multiplicidade de temas do presente que nos instiga e nos constitui, os trabalhos aqui reunidos discutem conceitos produtivos e fundamentais no âmbito das práticas da linguagem e do discurso na atualidade: letramento, identidade, memória, sujeito, biopolítica, corpo. Na composição desse agrupamento, os pesquisadores vão, por meio de sua escrita, pondo em relevo discursos e práticas constituintes de nossa existência sócio-histórica. Um exercício que se faz na tessitura das diferentes materialidades do nosso cotidiano.
Assim, podemos conhecer o estudo que investiga as vozes presentes no discurso literomusical para crianças. Ou seja, como a intervocalidade mostrada funciona na constituição de posicionamentos discursivos dos intérpretes de músicas populares brasileiras para crianças. Há texto que versa sobre a dramaturgia regionalista nordestina, composta por fortes influências culturais e manifestações populares que trazem significativas contribuições para o espaço teatral e literário.
Prosseguindo nessa investida identitário-cultural, o trabalho sobre folhetos de Cordel produzidos na região Nordeste mostra essa expressão discursivo-literária como instrumento propagador de memórias, representações culturais e formador da identidade de um povo, principalmente quando o cenário representado é o contexto do homem nordestino.
Alguns artigos se debruçam sobre materialidades da mídia, observando as implicações e relações entre linguagem verbal e não-verbal, a fim de perscrutar as investidas discursivas que evidenciam o sujeito e o corpo. Nessa direção, o discurso da felicidade emerge como prática biopolítica, por meio da qual se governa a conduta do corpo social no controle da vida da população. Essa discussão se entrecruza com a do “corpo velho” em que a produção identitária para o idoso configurada na mídia se transforma em locus de interpelação dos corpos dos idosos por um ideal de beleza e felicidade.
Também no interior dessa discursividade de estetização do sujeito moderno subordinado a um padrão de beleza, outra pesquisa analisa anúncios publicitários que propagam o estereótipo da mulher magra e jovem inserida nos rígidos modelos estéticos.
Por fim, o presente número de Discursividades encerra discutindo as práticas de letramento no universo acadêmico, através de pesquisa que analisa os movimentos sociorretóricos do gênero resumo textualizados pelos alunos universitários brasileiros no trabalho de conclusão de curso. Assim, que cada pesquisa aqui exposta nos conduza a uma melhor compreensão dos diferentes objetos por elas dissecados. E, reafirmando o que dissemos na edição inaugural deste periódico, ‘nosso fazer científico pode possibilitar gestos teóricos que contribuam para um diagnóstico do presente’.
José Domingos
Sumário
Apresentação
Práticas de normalização discursiva:
o corpo negro na estética feminina portinariana
Jefferson Campos
A ordem do discurso dos anúncios de beleza
da revista Careta (1908-1910)
Alessandra Gomes Coutinho Ferreira
A (re)produção do estereótipo nas piadas:
sobre os sentidos do humor
Elaine Maria Rocha
A propósito da escrita de artigo científico
Clara Regina Rodrigues de Souza
Guilherme Moés Ribeiro de Sousa
Lexicografia multimodal: como as crianças percebem
os recursos visuais dos dicionários infantis
Francisco Iací do Nascimento
Normas de publicação
Expediente
Capa: Reprodução da pintura “Três mulheres e um menino” (1939), de Candido Portinari (1903-1962).
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