Homo Eternus, volume III
A obra de Gazy Andraus é transcendente e atemporal. Escrever sobre suas criações constitui-se um desafio. Primeiro porque ele é um ser humano, artista, professor e pesquisador admirável que atua com excelência em tudo que faz. Segundo porque suas criações fantásticas e poético-filosóficas por serem simples, tornam-se sofisticadas, pois requerem do/a leitor/a um mergulho na obra, algo que nem todos se propõem a fazer. Submergir na arte de Gazy Andraus é arriscado, porque ao adentrar suas narrativas somos transportados/as ao nosso próprio interior.
Ademais, Gazy é um artista inovador: cria enquadramentos inusitados, letreiramentos que parecem mover-se pela página, inverte e recria a ordem de leitura, expande a HQ para além do papel, experimenta e desobedece aos padrões dos quadrinhos tradicionais, fazendo o que chamamos de quadrinhos autorais do gênero poético-filosófico, ou fantástico-filosófico como ele prefere, com abordagem autobiográfica e espiritualista. Suas reflexões apresentam certa complexidade, lições sobre a vida, autoconhecimento, nossos medos, aceitar o diferente, transcendência espiritual, como melhor viver e sobre o comungar com os outros seres, como premissa para avançar rumo à integralidade do ser.
Ele nomeou a série de quatro álbuns Homo Eternus de “quadrilogia” e fez menção ao termo trilogia, e também se conecta à ideia de “quaternidade”. O psiquiatra suíço Carl Jung teorizou sobre a existência de uma quaternidade no lugar de uma trindade cristã, na qual o símbolo do quatro representa a união dos opostos, a totalidade da psique, construindo as quatro funções psicológicas fundamentais do ser humano. Portanto, a Quadrilogia do Gazy traz, de forma sincrônica e inconsciente, estados caóticos e conflitivos da psique e do espírito em suas histórias, equilibrando-os com o arquétipo da totalidade quaternária, em uma instintiva e legítima busca de autocura natural.
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O álbum do Gazy Andraus neste terceiro número da “quadrilogia” traz esperança com poesia e enlevo estético. Nas narrativas desta edição, a alteridade, a autognose, o mergulho no ego, a morte, a reconexão, o renascimento, a ascensão e a iluminação são traços de uma jornada e a mensagem cósmica de sua alma para a nossa, o que proporciona emoção e plenitude na leitura. É a Quaternidade da Quadrilogia Homo Eternus. Desejo uma excelente leitura!
Danielle Barros Silva Fortuna
Em apresentação do álbum
Homo Eternus, volume III
Gazy Andraus
São Paulo: Criativo, 2020
www.criativostore.com.br