Editorial

Sete anos comendo corações e mentes desavisadas pelas ruas dessa vida. Sete anos engolindo aspas, e vomitando reticências... Sete anos se debatendo feito animal em cio na lua cheia da rua de ignorâncias multiplicáveis. A arte salva. Salva da cegueira que o mundo impõe, salva da fome que a gente sente ao não querer nascer e morrer somente. Existe um abismo entre as nossas escolhas e pulamos com os pulmões abertos e um maço de Hollywood vermelho no bolso. A vida é um caos. E a literatura é como umas duas pedras de gelo nessa boa dose de caos. Ela vem para que possamos aguentar o sol queimar os nossos olhos, para que possamos curar nossos corações na varanda da tarde que sempre nos mostra as contas não pagas e as tarefas não conclusas do dia. Sete anos de vida de uma revista aqui na Terra Brasilis é coisa para “daná”, é muita letra que correu por nossos papéis, muita gente que nos apoiou, muita gente que comprou a briga junto com a gente. Porque sabemos, e muito bem, que ser independente é muito mais que um rótulo gourmetizado para se conseguir uma transa qualquer. Mas a vida é bela, simples e suave – suave coisa nenhuma, mas a agente senta ao cair do abismo, acende um cigarro e fuma delicadamente cada hora contada desse fim que é escrever e querer viver de e para uma arte tão ingrata quanto a poesia. Com amor e alegria.

Rômulo Ferreira

Páginas da edição 14 do fanzine Suplemento Acre

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