Livros digitais ganham força na Marca de Fantasia

2018 foi um ano de radicalizações sobretudo na política, com as graves consequências que estamos vivendo. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a utilização indiscriminada – ou mal-intencionadas – das redes sociais, da comunicação direta entre pessoas a reproduzir mensagens de toda ordem, das mais idiotas às mais perversas, estas representadas pelas fake news.

Se as mídias digitais cumpriram esse malfadado papel, um uso mais relevante pode ser feito delas, com a possibilidade de expansão do conhecimento e a difusão cultural. Já no início da década estreávamos nossa produção de ebooks e revistas digitais, vislumbrando uma tendência que se confirma no momento atual. Todo o nosso projeto editorial tem seguido esse rumo, fazendo dele uma postura radical.

Há algum tempo constatamos o distanciamento do público em relação às publicações impressas. Continuávamos a lançar revistas e álbuns quase que por capricho, por crer na qualidade incontestável das obras e por esperar o interesse dos leitores, que infelizmente perderam a curiosidade pela descoberta, o desejo de deixar-se enlevar por projetos gráficos seminais.

Por outro lado os ensaios, monografias, dissertações e teses ganharam fôlego utilizando-se o suporte digital. A fácil disseminação das obras associada à carência de fundamentação teórica para novas pesquisas impulsionaram a produção, preenchendo uma lacuna editorial de obras que reflitam sobre quadrinhos, fanzines, artes visuais, linguística e cultura pop.

Nossa produção em 2018 guiou-se por essa perspectiva, antecipando o que de agora em diante nos será prioritário: livros teóricos digitais e edições impressas de quadrinhos pontuais. Seguiremos com a revista Artlectos e Pós-humanos, de Edgar Franco; e Maria Magazine, de Magalhães, ambas anuais; eventualmente lançaremos algum álbum com trabalho autoral.

No balanço do ano produzimos 10 livros digitais: Agartha: símbolos e mitos nos quadrinhos poético-filosóficos, de Danielle Barros; Fanzine como obra de arte: da subversão ao caos (2ed.), de William de Lima Busanello; Heróis da resistência: uma história dos quadrinhos paraibanos (1963-1991) (2ed.), de Regina Behar & Valdomiro Vergueiro; Jornalistas no cotidiano das redes digitais (2ed.), de Marina Magalhães; Macondo y Pelotillehue: un viaje desde la ciudad real a la ciudad imaginaria, de Alejandra González.

Assim como MetaNarrativas: transgressões interdisciplinares, de Marcelo Bolshaw Gomes; Mulheres artesãs do alto do Moura: suas histórias, memórias e identidades, de Eliana Ismael e Kátia Cunha; O escudo manchado: um herói em tempo de guerra (2ed.), de Daslei Emerson Ribeiro Bandeira; Pedras no charco: resistência e perspectivas dos fanzines, de Henrique Magalhães; e Polarizações no Jornalismo Cultural (3ed.), de Marina Magalhães. Como se vê, cinco livros são inéditos, em primeira edição, outros cinco são edições digitais de obras já editadas como impresso.

Lançamos apenas dois álbuns no período, seguindo a tradição dos quadrinhos sobre o suporte impresso. Foram novas edições de Agartha (3ed.), de Edgar Franco; e Ternário: M.E.N. (2ed.), de Gazy Andraus, obras imprescindíveis desses autores e que estavam fora do catálogo. Já a produção de revistas manteve-se firme, com a regularidade das revistas acadêmicas (duas edições da Imaginário! mais duas de Discursividades), além de uma edição de Artlectos e Pós-humanos, de Edgar Franco (impressa) e uma edição de Maria Magazine, deste editor (impressa e digital).

Realçamos, ainda, a parceria com o designer e cartunista Alberto de Souza – Beralto, que desenvolve no Instituto Federal Fluminense campus Macaé, Rio de Janeiro, o projeto de extensão IFanzine; projeto que desde 2013 promove continuamente oficinas de criação de fanzines e HQs em instituições de ensino e eventos culturais. A Marca de Fantasia vai transformando-se em um portal digital, veiculando além de sua própria produção, as obras dessa excelente iniciativa cultural.

Henrique Magalhães, jan. 2019