Prix de la BD Alternative 2018
O Festival Internacional de BD de Angoulême (Bande Dessinée, ou História em Quadrinhos na França) é reconhecido como um dos mais prestigiosos na área e o mais importante da Europa. Participar da seleção à atribuição de um de seus prêmios é, de antemão, uma honra e, por que não?, o reconhecimento da qualidade das publicações. Em 2018 três produções brasileiras estão indicadas ao “Prix de la BD alternative”, cujas edições foram lançadas em 2017.
Essa categoria do prêmio contempla a melhor revista coletiva de vários autores diferentes – ou fanzine – de história em quadrinhos não-profissional, portanto não pode ser a coletânea da obra de um autor, o que implica na diversidade autoral. Esse critério privilegia o modo “fanzine” de produção, com a multiplicidade de expressões artísticas bem como o caráter reflexivo da publicação.
Le Fauve, mascote do Festival de Angoulême
Não deixa de ser curiosa a postura do festival com relação à HQ alternativa, visto que se consolida um movimento inverso no campo da edição, com o lançamento cada vez maior de álbuns independentes ou de pequenas editoras autônomas não só na França, mas em todo o mundo, inclusive entre nós. O foco no fanzine – que hoje em nada se parece graficamente com os boletins mimeografados e fotocopiados das décadas de 1970 e 1980 – demonstra que essas revistas podem ter ainda um papel essencial de renovação da arte e imprescindível para a reflexão crítica.
Entre as 31 revistas selecionadas, estão concorrendo ao prêmio de HQ alternativa em Angoulême as publicações brasileiras “Amor em Quadrinhos”, adaptação para quadrinhos de poesias de Glácia Marillac por Milena Azevedo, com arte gráfica de Daniel Brandão, Wendell Cavalcanti, AnaLu Medeiros, dentre outros; “Café Espacial” n. 16, editada por Sérgio Chaves, com a participação de 22 autores nacionais e internacionais; e “Maria Magazine” n. 9, editada por Henrique Magalhães com a colaboração de cartunistas paraibanos e do elenco da editora Marca de Fantasia.
É bom ter em conta que a língua pode ser um empecilho para a avaliação das publicações que não estejam em francês ou inglês. É sempre possível avaliar o aspecto gráfico da edição, mas isso não representa que uma parcialidade na apresentação, em detrimento do conteúdo textual. De todo modo, participar de uma seleção em Angoulême – e que isso não seja um prêmio de consolação – é já um mérito a elevar nossa produção autoral.
Henrique Magalhães
12/01/2018
Leia mais sobre o Festival de Angoulême
Artigo de Sérgio Codespoti no site Universo HQ: http://www.universohq.com/noticias/duas-hqs-brasileiras-indicadas-ao-premio-alternativo-de-angouleme/
Página do site do festival referente à seleção ao prêmio de HQ alternativa, cuja atribuição ocorrerá em 27 de janeiro de 2018: http://www.bdangouleme.com/1316,prix-de-la-bd-alternative-2018