Maria em setembro

Henrique Magalhães
01/09/2021

O dia mal levantara, o céu apresentava-se anuviado, com pálidos raios de sol a romper as frestas de um azul melancólico. Mas o cartum de Caó, que apontou em meu zap, já anunciava a entrada de setembro, embalado na bela canção de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, Sol de Primavera.

Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez

Não era ainda primavera, mas a esperança de tempos melhores nos irmanava por meio de sonhos e traços, criatividade e fantasia. Aproveitei a inspiração e fiz uma foto em detalhe de meu pequeno jardim vertical, lugar de resistência verde e viva em meio ao concreto do apartamento.

São três jarros de cerâmica com plantas pequenas e decorativas, uma em flor. Mandei para Caó como retribuição a sua loa de bom dia. Pouco depois recebo algo sublime, uma demonstração de carinho que me fez enrubescer. Sobre a imagem, Caó desenhou, com a graça de seu característico traço, as personagens Zefinha, Maria e Pombinha, numa alegria e jovialidade que fazem valer as boas-vindas ao mês de setembro.

Rapidamente, espalhei a imagem entre meus contatos do zap e recebi uma chuva - ah!, metaforicamente - de saudações e manifestações de encanto pela delicadeza do traço de Caó. Para mim, o gesto inesperado do amigo me causou um regozijo inenarrável. Para os amigos e amigas do zap - pequeno grupo de gente íntima e querida - a imagem passou a ilusão de que minhas personagens estivessem impressas nos vasos, como um relicário desse universo de afeto.

Por fim, tive que contrariar a expectativa de que as peças existissem, sem desconsiderar as sugestões de que elas poderiam um dia realmente vir a ser. Que vislumbre maravilhoso, esse!

Talvez deva mesmo fazer um trabalho em cerâmica com as personagens para oferecê-lo como um pequeno “cadeaux" às amigas e amigos, que tanto apreciam as estripulias de nossas Zefinha, Maria e Pombinha.