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A fantasia dos quadrinhos em Beja

Henrique Magalhães
06.2016

Portugal tem promovido bons eventos de Histórias em Quadrinhos - para eles, Banda Desenhada, ou BD. Além do Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada, na cidade de Amadora, limítrofe com Lisboa, acontece também o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, em 2016 já na 12a edição ocorrida entre os dias 27 de maio e 12 de junho.

Beja é uma pequena e graciosa cidade da região do Baixo Alentejo com certa de 35 mil habitantes. Seu magnífico centro histórico, que remonta em alguns sítios a resquícios do Império Romano, abriga o festival de quadrinhos que se espalha por várias salas, museus, teatro e cafés, marcando sua presença indelével no cotidiano da cidade.

O Festival Internacional de BD de Beja, organizado pela municipalidade sob a coordenação do quadrinista Paulo Monteiro, realizou-se com a impressionante marca de 22 exposições com a presença de autores da Europa, África e América do Sul - Argentina e Brasil. Não é nada modesto mesmo para eventos promovidos em grandes centros culturais.

Além das exposições teve-se conversas com todos os autores mediadas por quadrinistas locais, Concurso Internacional de Banda Desenhada, lançamentos de álbuns e fanzines com seção de autógrafos, exibição de filmes temáticos, RPG, entrega do prêmio Geraldes Lino a um quadrinista de Beja (veja correção no final, por Geraldes Lino), feira de livros com mais de 50 editores, modelismo e técnicas de modelagem e uma programação noturna marcada por concertos desenhados com várias bandas e músicos portugueses.

Os expositores convidados ao Festival de Beja foram Diogo Carvalho, Estrompa, Diniz Conefrey e Maria João Worm (site Quarto de Jade), Sónia Oliveira, Tiago Baptista, Nuno Saraiva, Filipe Melo, Eduardo Salavisa, João Charrua, Álvaro Santos, Geral & Derradé, de Portugal. De Angola tivemos a participação do Estúdio Olindomar, formado pelos irmãos Lindomar e Olímpio de Sousa.

Da França contou-se com a presença de Edmond Baudoin; Eduardo Risso e Juan Cavia, da Argentina; Paco Roca, da Espanha; Truscinski, da Polônia; além das exposições "Avenida Marginal", reunindo autores de vários países de língua portuguesa participantes da terceira edição do Concurso Internacional de Banda Desenhada/Histórias em Quadrinhos e "Desenhos ao cair da tarde", com autores da Alemanha, Bélgica, Brasil, Eslovênia, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido.

O Brasil esteve presente com Marcelo D'Salete, paulista autor de Cumbe; Alemberg Quindins, Filipe Alves e Tainara Meneses, representantes da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri, do Ceará; o paranaense Lucio Oliveira, com seu conhecido personagem Edibar e Henrique Magalhães, da Paraíba, com exposição e lançamento de álbum de sua personagem Maria.

   
Cenas de um festival, com Henrique Magalhães

O festival se destaca principalmente pelas exposições, pela ocupação de praticamente todo o centro histórico de Beja, pela diversidade autoral e pelo cuidado na instalação de cada obra, com o objetivo de valorização do trabalho dos artistas. A exposição de Maria ocupou todo o salão do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, magnífica construção situada na principal praça da cidade. Com ampliações de tiras e contrastes cromáticos, Maria teve sua trajetória contada em duas dezenas de quadros e painéis destacando seu humor engajado.

Maria destacou-se, também, na conversação "Dois dedos de prosa" com o autor, mediada por Rui Brito, editor das Edições Polvo, de Portugal, que lançou álbum da personagem. A palestra foi acompanhada de slides com apresentação de várias fases de criação de Maria.


Rui Brito, das Edições Polvo em conversação com Henrique Magalhães

A participação de um evento internacional é sempre uma honra, que incontornavelmente referenda o mérito. Estar em Beja nesses dias de festival, conviver com a amabilidade imensurável de Paulo Monteiro, seu mentor e entusiasta de primeira hora, bem como viver a atmosfera de fraternidade e respirar o clima histórico em cada recanto da cidade faz do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja um momento inesquecível em nível pessoal e em nossa produção artística.  

Veja toda a programação do festival em https://bandasdesenhadas.com/2016/05/16/xii-festival-internacional-de-bd-de-beja/

 

Em tempo

Acréscimo por Geraldes Lino

Gostei muito de ler a sua postagem, está excelente.

Apenas lhe peço para fazer uma pequena correcção no texto, na parte que refere o prémio Geraldes Lino: os premiados não têm de ser de Beja, ao invés do que o Henrique escreveu.

A condição para serem seleccionados é serem novos talentos da BD portuguesa, sejam lá de onde forem.

Aliás o prémio foi criado pelo Paulo Monteiro (foi uma surpresa para mim) porque ele considera que eu sempre apoiei muito os jovens, como até foi o caso dele.
Na década de 80 do século passado, enviou um fanzine editado por ele, com uma banda desenhada também dele, para uma revista de BD onde eu colaborava na altura (colaborei em várias) intitulada "Jornal da BD". Como eu lhe fiz um [merecido] elogio, nunca esqueceu isso, e o prémio GL foi a sua "vingança".

Só o vim a conhecer pessoalmente quando ele estava a organizar a 1ª edição do Festival BD de Beja - veio a Lisboa para eu lhe dar conselhos acerca da organização do evento, visto que eu tinha sido um dos organizadores do (já extinto) Festival de Banda Desenhada de Lisboa, entre 1982 e 1996 - e foi nessa altura que ele me disse que já me conhecia de nome há muitos anos.

Em 2013 decidiu criar então esse prémio (o troféu imita o meu perfil, de nariz grande :-)

Os premiados até agora têm sido de vários locais: o 1º foi André Ferreira, de Beja; o 2º José Smith Vargas, de Lisboa; o 3º foi André Pacheco, de Beja; e este ano de 2016, escolhi o jovem Tiago Baptista, nascido em Leiria (por acaso até foi lá que eu o conheci há uns dez anos, quando eu vendia fanzines meus numa banca, integrado num evento de BD).

Como vê, apenas dois são de facto de Beja. Mas por acaso nem vivem lá. O André Ferreira nasceu no hospital de Beja, mas viveu em Moura e ultimamente em Setúbal. O André Pacheco também nasceu no hospital de Beja (é o hospital mais importante da região) mas vive em Santo André. O José Smith Vargas é lisboeta como eu, nasceu na Sempre Leal cidade de Lisboa, e o Tiago Baptista nasceu em Leiria, repetindo o que já disse umas linhas acima.

Veja no meu blogue um post sobre o José Vargas
http://divulgandobd.blogspot.pt/2014/03/carnaval-jose-smith-vargas-e-raul.html

e outro sobre o Tiago Baptista
http://divulgandobd.blogspot.pt/2015/11/bd-portuguesa-em-revistas-nao.html

Grande abraço
Geraldes Lino <geraldes.lino@gmail.com, em 9 de junho de 2016

Por acaso, ainda no que concerne aos autores galardoados com o dito prémio,  esqueci-me de acrescentar que, em Beja, disse ao ilustre, incansável, competente Paulo Monteiro que para o ano gostaria que o tal prémio fosse atribuído a uma talentosa jovem chamada Sofia Neto. Já lhe mostrei bandas desenhadas dela, e o Paulo concordou de imediato. Dois pormenores curiosos, que não tiveram influência na minha escolha, mas que vem a propósito mencionar acerca da diversidade de locais de onde são oriundos: Sofia Neto é do Norte de Portugal, S. João da Madeira. E é a primeira autora a aparecer nesta selecção.
Veja no meu blogue algo sobre ela:

http://divulgandobd.blogspot.pt/2016/04/ficcao-cientifica-por-autora-portuguesa.html
Grande abraço,
Geraldes Lino, em 11 de junho de 2016



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