A ideia inicial era criar uma turma de personagens crianças inspirados na Tropa dos Escoteiros-Mirins. Só que, ao invés de fazerem boas ações, eles se dedicariam a realizar malvadezas, sacanagens, enfim, praticarem atos escrotos. Portanto, o nome seria “Os Escroteiros-Mirins”.
No entanto, criar uma série de HQs assim, sem perspectiva de publicação regular, é algo bastante desanimador. Tanto que nem cheguei a esboçar os personagens, ficou só numa ideia muito vaga, o máximo que fiz foi bolar algumas situações que nem cheguei a escrever.
Há algum tempo Laudo e eu estávamos planejando fazer um trabalho conjunto, roteiro meu e desenhos dele. Aí me ocorreu adaptar a ideia dos Escroteiros-Mirins para um tipo de organização de adultos escrotos. A ideia se desenvolveu, fui bolando uma série de situações e achei que estava na hora de partir para um roteiro final. Mas achei também que seria interessante, ao invés de contar as aventuras dos escrotos, colocar um deles falando sobre a organização, contando casos, etc. Daí foi imediato colocar o personagem como um entrevistado de um programa de TV do tipo “talk-show”. Também foi imediata a escolha de Jô Soares como o entrevistador, já que seu “Onze e Meia” é uma espécie de paradigma desse tipo de programa.
Fiz o roteiro, enviei ao Laudo, ele gostou, partiu para a quadrinização, e aqui está o trabalho resultante.
Uma curiosidade. A maneira como escrevi o roteiro lembra um esquete de programa de rádio, bem em cima de um diálogo rápido, no estilo dos famosos programas realizados pelos irmãos Marx para uma rádio americana. Por coincidência, Laudo, ao criar o tipo físico do Escroteiro, baseou-se na figura de Grouxo Marx.
Sem mais, uma boa leitura,
Edgard Guimarães
Páginas de "O escroteiro entrevistado", de Edgard Guimarães e Laudo |
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