Ao se falar de fanzines no Brasil temos necessariamente que passar pela obra de Edgard Guimarães. Quadrinista exímio, produtor e editor de inúmeras publicações independentes, Edgard é ainda um camarada na expressão exata do termo. Seu contato com grande parte dos editores e leitores de fanzines no país se dá num clima de cordialidade rara num meio onde vez ou outra explodem egos insuflados.
Em plena crise da produção dos fanzines, na segunda metade dos anos 1980, estava Edgard a todo vapor, lançando verdadeiros álbuns temáticos, reunindo os maiores nomes dos novos autores de quadrinhos. Esse espírito militante, essa capacidade visionária, faria com que ele lançasse pouco depois um projeto ousado: produzir e distribuir fanzines de vários editores de todo o país. Em paralelo, passou a editar o que viria a ser o guia de nossa imprensa autoral, o fanzine Informativo de Quadrinhos Independentes. Atualmente conhecido apenas como QI, esta publicação reúne a cada dois meses centenas de títulos de fanzines, livros e álbuns não só de quadrinhos, mas de quase tudo o que circula fora do circuito comercial.
Conhecimento de causa, portanto, Edgard tem de sobra e não só por teorizações acadêmicas. Na prática ele construiu uma das mais ricas histórias do universo dos fanzines, com domínio de todas as fases de produção. É exatamente esta experiência que ele disponibiliza aos leitores por intermédio do livro que se tem em mãos.
Este trabalho tem os fanzines como tema, abordando seus variados aspectos, desde a definição do termo até a distribuição, passando por aspectos inusitados, mas interessantes, como a pirataria nos fanzines, as premiações e a relação com o meio profissional. Se no livro O rebuliço apaixonante dos fanzines eu me detenho na trajetória dessas publicações no Brasil, Edgard procura ser mais didático, oferecendo aos leitores um precioso guia para quem quer adentrar o meio com informações objetivas sobre os caminhos que se deve trilhar para chegar à edição.
Enfim, é bom frisar que Fanzine teve sua primeira edição produzida pelo autor em janeiro de 2000 e se tornou de imediato leitura indispensável para quem admira ou estuda esse tipo de publicação. A segunda e a terceira edição saíram pela Marca de Fantasia, assim como esta quarta edição digital, cujo propósito é ampliar ainda mais seu público, favorecendo a produção independente no país.
Henrique Magalhães
Nota à quarta edição
Este trabalho trata o tema Fanzine sob vários aspectos, procurando ser bastante abrangente quanto à variedade de temas, e procurando ser objetivo no tratamento de cada tema. Assim, o Fanzine é enfocado desde sua definição, um breve histórico, como fazer, como divulgar, como imprimir, os tipos de fanzine, sua importância etc. Para quem deseja aprofundar-se no assunto, são dadas indicações de outras fontes para consulta.
O livro foi publicado originalmente em janeiro de 2000 e para a quarta edição segue o mesmo. Em relação aos fanzines mencionados, abrange apenas as edições lançadas até esta data. A parte conceitual, no entanto, não mudou. Na época do primeiro lançamento não foram mencionados os fanzines virtuais, os sites ou blogues, que já existiam, porque o enfoque do trabalho eram os fanzines impressos.
Para uma informação atualizada dos fanzines impressos lançados desde 2000, e também algum debate sobre a situação mais recente dessas publicações, a fonte mais imediata de consulta é a coleção de edições do fanzine QI disponíveis em PDF no site da editora Marca de Fantasia.
04/2020 |