Ciberpajelanças: uma simbiose do autor e sua obra
Henrique Magalhães
06.2025
O que pode ocorrer quando duas mentes inquietas se encontram? O caos… ou a lucidez! Um relume de genialidade é o resultado dessa força criativa conjugada irrefreável, que já deu à luz inúmeros fanzines, músicas, performances, fotografias, textos repletos de poesia e filosofia, de quadrinhos poético-filosóficos.
Daniel Figueiredo e Ciberpajé já demonstraram essa força visceral em seus trabalhos individuais, por vezes também ciberpajelancas elaborados com outras parcerias. Ao se juntarem nessa obra de narrativa gráfica excederam os limites - se os há - de cada um e trouxeram à tona uma HQ de uma clareza estonteante em sua dinâmica gráfica e textual.
Todos os adjetivos são poucos e ao mesmo tempo redundantes para definir esse trabalho, que conta também com o ensaio fotográfico “Ciberpajé - Despertar”: fotografia da I Sacerdotisa Rose Franco e direção de arte do Ciberpajé, que encarna ele próprio a personagem autobiográfica da história. Ouso dizer que temos aí uma das mais bem concebidas histórias em quadrinhos poético-filosóficas, algo como uma fotonovela - ou conto-imagético que transcende o tênue conceito desse gênero de quadrinhos.
A história é o despertar para uma nova condição humana imbricada com a materialidade, a magia e a cibernética. Não se trata de uma transmutação física, palpável, carnal, que daria forma aos conceitos da Aurora Pós-Humana vislumbrada por Edgar Franco. Temos mais um despertar da consciência, uma transubstanciação do homem ordinário para o estelar, aberto ao cosmos e às forças insondáveis do universo. É a afirmação do Ciberpajé - aka Edgar Franco - em uma epifania rara do autor que incorpora na própria obra.

Páginas de "Ciberpajelanças: um conto apócrifo", de Daniel Figueiredo & Ciberpajé |
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