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Maria: a maior das subversões

Henrique Magalhães
Paraíba: Marca de Fantasia, Primavera de 1984, 5
2p. 15,5x21cm.
ISBN 978-65-86031-50-8

Edição digital

Na primavera de 1984 saía o primeiro álbum de Maria, fechando um ciclo de publicações. Entre 1978 e 1982 Maria teve dez revistas, além das edições especiais de primeiro aniversário (1976) e a pequena revista Veneta, de 1977. O álbum traz uma boa quantidade de tiras produzidas para os jornais em 1983 e 1984, mas o destaque é a série inédita de tiras denominada “A maior das subversões”, que lhe serve de título.

Maria vinha progressivamente transgredindo os limites da habitual crítica político-social que fazia nos quadrinhos diários, que acompanhavam o desenrolar dos conflitos do quotidiano. Cada revista trazia uma história inédita em tiras duplas sequenciais, com desfecho inesperado. O mesmo foi reservado para a edição do álbum.

Na altura, eu já tinha passado pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, que afinal não concluíra, optando por ingressar em Comunicação Social. A militância estudantil dera lugar à criação do primeiro grupo gay da Paraíba, o Nós Também, que serviu para ampliar minha luta. Vivíamos os estertores da ditadura militar, com abertura política, anistia, volta dos exilados, pluripartidarismo. Esse contexto criou o caldo que transformou completamente o universo reflexivo de Maria.

“A maior das subversões” coloca a personagem em descoberta afetiva/sexual por sua companheira Pombinha, que, mais ousada em sua liberdade juvenil, leva Maria à ruptura de seus conceitos estruturados por uma formação conservadora, reflexo da situação social. Essa HQ reveladora, transgressora, que daria novos rumos às personagens, foi o resultado de minhas leituras anarquistas e heterodoxas à política convencional, bem como de outras buscas de conhecimento com Pierre Weil (Psicologia Transpessoal), Fernando Gabeira (O que é isso, companheiro), Carlos Castañeda (A erva do diabo), Audous Huxley (As portas da percepção), João Silvério Trevisan (Em nome do desejo).

De forma pontual, fui encontrar em 1984, de George Orwell, a inspiração para a ode ao amor em seu caráter revolucionário, força avassaladora que chegaria a mim como “a maior das subversões”. Essa história seria também reflexo de minha vivência, que como Maria passava por essa extraordinária experiência de transformação.

H. Magalhães


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Dezembro de 2021
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