Em O discurso dos ursos: outros modos de ser da homoafetividade, José Domingos historiciza o sujeito homoafetivo urso como uma representação dos diferentes modos de vida dentro do universo das relações homossexuais. Para o autor, quando analisa a questão da homossexualidade, Foucault inquieta-se com a necessidade que os gays têm de organizarem-se a partir de uma identidade catalográfica. Tem aí também o “perigo” dos efeitos de poder que a formação desses grupos secretam para com os quais sempre é preciso manifestar “desconfiança”. A comunidade dos ursos não estaria, portanto, isenta desse “perigo” inerente a qualquer “comunidade”.
Todavia, a constituição de tais comunidades permanece para ele um gesto fundamental na luta travada para inventar novas formas de existência e moldar novos “estilos de vida”, a fim de escapar ao perigo bem mais ameaçador que fazem pesar o rigor da norma e a sociedade “disciplinar” em seu conjunto. Assim, é mais produtivo pensar a “criação de modos de vida” como exercício concreto dessa liberdade que permite que os indivíduos e os grupos passem da sujeição à subjetivação e que moldem suas existências específicas ao cultivarem suas diferenças.
Com esta obra, Domingos torna pública a análise de sua pesquisa realizada para o Mestrado em Linguística da UFPB, defendida em dezembro de 2009. A fundamentação teórica do mesmo trabalho, com o título Discurso, poder e subjetivação: uma discussão foucaultiana, também foi publicada na Série Veredas, da editora Marca de Fantasia. O autor é Doutor em Linguística pela UFPB e Professor do Curso de Letras na Universidade Estadual da Paraíba. |